Letícia Bellusci: Bebê sem rótulo

Passamos mais ou menos 40 semanas nos preparando para o parto e para receber um novo membro da família. Um filho muito desejado. Um neto muito amado. Um sobrinho que te traz emoções que você nem sabia que poderia sentir. E durante esse tempo toda a família e amigos idealizam um bebê! Vai ser calminho e bonzinho como a mamãe! Imagina, com um pai agitado assim, vai ser muito sapeca! Chuta tanto esse menino, vai ser jogador de futebol! O bebê nem nasceu e já tem toda a vida programada, já pensamos onde vai estudar, escolhemos suas roupinhas, brinquedos, livros, e por aí vai! E quando finalmente chega o dia de conhecer esse bebê que foi motivo de tantas especulações, desejos e projeções, na maioria das vezes ele é diferente do que imaginamos.

Gosto de pensar no bebê sem expectativa, sem rótulo, só ele! Pronto para conhecer o mundo e sua família, podendo mostrar quem ele realmente é. Isso não é tão simples, precisamos desconstruir muitos conceitos para poder respeitar esse novo integrante da família como ele realmente é. A nossa vontade de proteger esses seres tão amados faz com que tentamos controlá-los, mesmo que inconscientemente, acabamos projetando nossos medos, e frustrações em suas vidas. Rotulamos o bebê logo cedo, é bravo, irritado, calmo, gordo, magro… E esse bebê se torna uma criança rotulada em um passe de mágica. Porque o tempo passa muito rápido sim!

A partir do momento que desconstruirmos o nosso bebê ideal damos a oportunidade para esse bebê crescer sendo quem ele realmente é! Não seria maravilhoso? Tirar o rotulo da criança birrenta? E dar a ela a oportunidade de evoluir? Em vez de ter o rótulo de revoltada ou brava para o resto da vida? Tirar a expectativa daquele menino de ser jogador de futebol e deixá-lo ser um ator, cozinheiro, dançarino, professor, ou o que ele quiser ser que traga felicidade e gratidão? Quando começo a falar sobre isso logo sou indagada: mas criança não tem maturidade para decidir o que é certo ou errado, você não acha? Sim! Concordo! Mas nós devemos respeitá-las, orientá-las, guiá-las, dar exemplo e a cima de tudo muito amor!

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Antes da Catarina nascer, li um livro que falava que nossos filhos são flechas e nós somos os arqueiros que orientamos suas direções. Eles não são nossos, não cabe a nós decidirmos quem eles serão. Mas cabe a nós guiá-los através do respeito e do amor.

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