Eu nasci num sítio e meus pais produziam leite para nos alimentar. Naquela época, não comercializávamos nem o leite e nenhum derivado e nossa família tinha profundo respeito pelas nossas vacas.
Quando comecei a ouvir falar sobre veganismo, eu não entendia porque as pessoas, adeptas a esta filosofia, não consumiam laticínios e, então, fui pesquisar a respeito.
Não podemos comparar a produção de leite atual àquela produção no sítio da minha infância.
Anualmente nas fazendas leiteiras, vacas são forçadas a engravidarem para produzirem leite, o que significa que mais de 200.000.000 (duzentos milhões) de filhotes são gerados a cada ano no mundo.
As fêmeas são criadas para produzirem leite enquanto que os bezerros são acorrentados em pequenas celas onde sequer conseguem se virar, sendo mantidos assim até o momento do abate para produção de carne de vitela, ainda em seus primeiros meses de vida.
Lembro-me, perfeitamente, quando eu era criança e bezerrinhos nasciam. Era lindo o cuidado e o carinho que nossas vaquinhas tinham pelos seus filhotes. Era perceptível o amor entre mãe e filho e lembro-me como meus pais respeitavam os primeiros tempos de vida daqueles bezerros e suas mães.
Atualmente, vacas leiteiras são proibidas de criarem seus filhotes. Eles são afastados à força no mesmo dia em que nascem, o que termina causando um tremendo estresse emocional tanto para a mãe quanto para o filhote. Nem consigo imaginar o sofrimento destes animais.
O manejo violento no ubre nas vacas e o estresse pela separação do filhote levam à várias doenças, que acabam causando processos inflamatórios que secretam grandes quantidades de pus no leite. No Brasil é permitido uma quantidade significativa de pus no leite comercializado, ou seja, há uma seringa de pus em cada copo de leite.
Vacas têm uma expectativa de vida de cerca de vinte anos e elas podem facilmente produzir leite por cerca de oito desses vinte anos, mas o constante estado de estresse, gravidez e doenças imposto pela indústria de leite, reduzem sua expectativa de vida para apenas cinco anos, idade em que terminam por serem abatidas como qualquer outro gado de corte.
Lembro-me, com tristeza, que todas as vacas que nos alimentavam com seu leite, apesar de serem amadas a cuidadas pela minha família, acabaram sendo abatidas para a produção de carne.
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