Essa história, virou lenda, mas quem a conhece em detalhes, garante que as marcas ainda estão no vestiário….
O Pai da Matéria, Osmar Santos, criador de muitos e famosos bordões….”Ripa na Chulipa e Pimba na Gorduchinha” assistiu tudo e conhece todos os detalhes que passo a contar para vocês. …
“Tranquem a porta, fechem as janelas, impeçam o acesso e deixem que eles venham….”
Meu pai Dulcidio Wanderley Boschilia, aprendeu a dirigir no caminhão do meu avô. Ambos amavam a estrada, o vento no rosto e o sabor da vida, que te surpreende todos os dias.
Meu avô tinha sido Guarda Civil e queria que o filho seguisse seu exemplo….
Na época de exército, o jovem Boschilia, e o excesso de contingente o impediu de cumprir…mas ser da Guarda Civil de São Paulo, foi um enorme feito, do qual se lembraria para sempre.
E assim também da Polícia Militar, da Polícia Civil e todas as forças que o deixavam fora do escritório e da rotina entre quatro paredes.
Com isso, conseguiu o uso legítimo de uma arma.
Apesar do prazer no exercício do dever, queria ser jogador e ser goleiro era um sonho, quem sabe um Gylmar dos Santos Neves, um ídolo à ser copiado.
Mas um pouco tarde, para aquele jovem de 21 anos, então seguiu conselhos e foi estudar, ser um Árbitro de Futebol.
Bom seria, se as aulas práticas e teóricas te colocassem de uniforme preto e golas brancas no meio do campo e de preferência no Grande Clássico da Elite do Futebol.
Mas precisa mais do que isso, o “verdadeiro suco do futebol raiz”.
Campos de terra batida, sem banheiro, sem segurança e apenas o terço na mão e o apito na boca.
Em Penápolis interior de São Paulo, a partida era São Bento x Marília, “uma briga de foice no escuro” e as torcidas desesperadas em ganhar.
O jogo muito disputado, e o juiz Dulcidio Wanderley Boschilia, com sua personalidade, queria desde o começo de sua carreira impor a independência e a imparcialidade.
Ao término da partida, o São Bento ganhou por 2X1 e a torcida furiosa, precisava de culpados para derrota. A coisa ficou muito feia, feia mesmo!
Dulcidio correu para o vestiário e “Tranquem a porta, fechem as janelas, impeçam o acesso e deixem que eles. …Venham”
Mesmo tão jovem, começando sua caminhada pela arbitragem…. Eles vieram e o juiz não pensou duas vezes, de arma em punho atirou três vezes para o alto e no meio da confusão do corre corre, do “Deus me livre” saiu do vestiário com escolta e com uma experiência enorme.
Como não se dedicar?
Afinal ele prometera ao meu avô que escreveria nosso nome na história.
Seus ídolos Pelé, Garrincha, Bellini, Vavá, Djalma Santos e claro Gylmar dos Santos Neves (famoso e competente Goleiro da Seleção Brasileira) sem querer impulsionaram seus estudos, sua
vontade de jogar, aliados a enorme vontade de ser um grande árbitro de futebol e ouvir seu nome no Estádio cantado por toda a torcida.
Lembro que quando ele sofreu um acidente no estrada e sua esposa faleceu….ele ouviu o povo das arquibancadas mostrar seu respeito e gritar Boschilia!
E foram 26 anos de muita dedicação e sempre com muita independência e imparcialidade.
Até a próxima semana…
Eu aguardo vocês. …E vamos desvendar mais mistérios!
Contem aos amigos!
