Lordello: Você fica tranquilo em ter apenas sensação de segurança?

Síndico de condomínio de casas no interior de São Paulo entrou em contato desejando palestra urgente para os moradores.

“Mas qual o motivo de tanta pressa”? – indaguei.

A resposta foi esclarecedora:

“No último final de semana, 3 ladrões pularam o muro do empreendimento, invadiram uma residência e fizeram reféns os familiares, que foram amarrados. Os bandidos subtraíram muitos pertences; colocaram no carro de um dos moradores e fugiram tranquilamente pela portaria do condomínio, sem que os vigilantes percebessem”.

Ato contínuo, fiz a seguinte indagação:

“Já ocorreram outros incidentes como esse no local?”.

O síndico esclareceu:

“Não, depois de 7 anos de inauguração do condomínio, esse foi o primeiro assalto. Já tivemos casos de furtos em algumas residências, mas nada que gerasse preocupação. Todos tinhamos a sensação que o local era seguro, mas agora vimos que não é”.

Pior que não ter segurança, é achar que o local de moradia ou trabalho é seguro, em razão apenas da chamada “sensação de segurança.

-Que o brasileiro é um povo que não está acostumado com prevenção, todo mundo sabe.

-Que, geralmente, esperamos acontecer algo ruim para tomar alguma atitude em prol da segurança, também ninguém duvida.

Muita gente deixa de “colocar a tranca” em razão da “falsa sensação” de que o lugar não corre risco. Em palestras que ministro em prédios e condomínios, é comum ouvir as seguintes frases quando mostro a necessidade de se investir em equipamentos de segurança ou mais postos de vigilância:

-Pra que gastar dinheiro se aqui é uma tranquilidade

-O que já foi investido no condomínio está muito bom

-Ladrão não tem interesse em entrar aqui não

-Temos outras prioridades, segurança nunca foi problema em nosso edifício

-Você não conhece nossa realidade, já temos segurança suficiente

Da mesma maneira que conheço pessoas que não estão doentes mas não têm saúde, temos moradores de condomínios que têm a “falsa” sensação de segurança, pelo simples fato de nunca terem sofrido ocorrência criminal de relevância.

Conheci condomínio de casas, em cidade perto da divisa com São Paulo, que sofreu mais de 10 invasões mediante arrombamento de casas, mas os moradores, em geral, não se preocuparam tanto, pois pouca coisa foi subtraída e as famílias estavam viajando, geralmente em finais de semana e feriados.

“Isso é coisa de amador, por isso não devemos nos preocupar”, diziam alguns à boca pequena.

Até então, a sensação que o local era seguro ainda prevalecia, com raras exceções. Somente depois que vigilante armado encontrou criminoso perambulando pelas ruas do condomínio, fato que gerou troca de tiros, é que a comunidade caiu na realidade.

No dia da palestra que ministrei, cerca de 400 pessoas estavam presentes, todas interessadíssimas em saber quais soluções eram as mais viáveis; estavam dispostos a investir o quanto fosse necessário.

CONCLUSÃO:

SENSAÇÃO DE SEGURANÇA NÃO É SINÔNIMO DE SEGURANÇA EFETIVA

Segurança nada mais é que uma percepção que possui dois vieses:

1)Sensação: sentimento basicamente subjetivo e abstrato, podendo ser uma percepção imprecisa de segurança, pois é personalística e temporal.

2)Realidade: quando se estabelece nível real de segurança em um condomínio ou empresa, por exemplo, através de aferições e métricas.

                        SEGURANÇA É SENTIMENTO; DEFESA É AÇÃO

Risco é a probabilidade da ocorrência de um crime no futuro.

O levantamento das vulnerabilidades e falhas em relação a equipamentos físicos e eletrônicos, além das normas procedimentais, traz radiografia completa dos problemas a serem enfrentados.

As estratégias de defesa adotadas visam criar dois fatores importantes:

a)Sensação de segurança: o morador deve ter essa percepção no cotidiano.

b)Realidade de segurança: em razão da diminuição de riscos no local a ser protegido.

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