Quando o tema é segurança, a frequência de moradores nas assembleias condominiais aumenta consideravelmente. Mas qual o motivo? Depois de elaborar e apresentar projetos de segurança há mais de duas décadas, estou credenciado a citar as principais razões, quais sejam:
1) Desejo de morar num lugar mais seguro
2) Receio de aumento no valor no condomínio
3) Preferência por investimentos em outras áreas do edifício
4) Não querem perder regalias e comodidades e por isso são contra qualquer modificação na segurança patrimonial
5) Entendem que o prédio é seguro e não necessita “gastar” com mudanças
6) Têm divergências sérias com a administração atual, portanto, repudiarão firmemente qualquer alteração.
O leitor percebeu que muitos vão para a assembleia com opinião já formada.
É o que chamo de “turma do contra”.
É claro que vão se opor às propostas de mudanças; rebaterão as soluções propostas com argumentos sem embasamento técnico, mas que são colocados com verbalização forte e enfática, isso com intuito de tumultuar a reunião ou de influenciar moradores que estão indecisos. Dificilmente se convencem ou mudam de opinião. Quando rebatidos com dados comprovados e estatísticas policiais referentes a invasões, alguns tentam a tática de gerar embate verbal para que ânimos sejam acirrados e a assembleia adiada.
SUGESTÕES:
Para que as chances de votação favorável sejam grandes e a “turma do contra” não leve vantagem, o síndico tem que criar estratégias antes e durante a votação. Assim, vou apresentar algumas sugestões:
1) Importante formar conselho de segurança composto por poucos moradores, mas que tenham algum conhecimento na área de segurança condominial e sejam favoráveis a implementação de mudanças para aumentar nível de segurança.
2) Contratação de consultor de segurança para elaboração de projeto com a participação da administração e conselheiros.
3) O zelador é figura importante, pois é a pessoa que sabe de todos os problemas do cotidiano em relação a segurança, pois é ele quem recebe as reclamações dos porteiros, ajudantes de limpeza e dos moradores também. Por isso, deverá o consultor experiente conversar muito com o zelador para se inteirar de todas as fragilidades existentes.
4) O próximo passo é a conversa que o sindico e conselheiros devem ter com moradores que já se pronunciaram sobre o tema segurança e que estão preocupados com a possibilidade de tentativa de invasão.
5) Buscar aproximação também com moradores sabidamente indecisos em relação ao tema segurança e que, portanto, ainda não têm posição definida sobre a necessidade ou não de investimentos nessa área. Devem ser informados sobre estatísticas policiais de invasões a condomínios, além de assistir vídeos onde marginais penetram em prédios pulando muro ou entrando pela área de portaria ou entrada de autos. Ou seja, é necessário mostrar que após a pandemia o volume de crimes em edifícios cresceu muito e requer adequação da segurança local a essa nova realidade perigosa.
6) Dia antes da assembleia devem os conselheiros conversar com moradores interessados em melhorar a segurança condominial para que compareçam à reunião onde o consultor técnico irá explanar sobre as falhas e vulnerabilidades que encontrou, as soluções propostas e ainda esclarecer eventuais dúvidas dos participantes.
7) Durante a assembleia, mesmo se a “turma do contra” pegar pesado, o melhor caminho é não entrar na mesma sintonia e evitar embates intermináveis. Cada participante tem o direito de expor seu pensamento, mas deixar claro que ao final acontecerá a votação, que deverá ser respeitada, seja qual for o resultado.
8) Se algum morador se exceder com ofensas ou até mesmo com atitude ameaçadora ou violenta, tudo deverá ser consignado em ata e os ofendidos poderão registrar Boletim de Ocorrência e solicitar instauração de inquérito para que os ofensores sejam responsabilizados criminal e civilmente.
9) Alguns síndicos optam pela gravação da assembleia, o que pode frear o ímpeto agressivo de participantes ou servir de prova para as eventuais vítimas.
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Imagens: Lordello Consultoria