Eu vou tentar descrever precisamente como é a cultura local, as emoções, rotina, vantagens e conflitos dos quais tenho vivenciado no interior rural de Minas Gerais.
No começo eu não conseguia compreender muito das palavras usadas pelos moradores nascidos e criados aqui na roça, a comunicação linguística sempre cheio do dialeto da região, misturado ao sotaque bem mineirês.
Foram muitas as situações onde eu me senti constrangida ao interrompe-los durante a prosa, por não entender os sentidos das palavras e situações narrados por eles. Dia após dia o meu vocabulário foi aumentando com palavras e significados gostosos de ouvir e verbalizar, logo me vejo usando uma ou outra palavra compreendida entre eles. Amo conversar com com os caipira! Fico atenta a cada nova palavra e brinco com cada uma delas.
Quando eu e minha família nos mudamos pra roça, buscávamos o silêncio e a liberdade que o ambiente oferece, logo me deparei com as dificuldades rotineira, por exemplo, não ter padaria com pão de queijo e bolos quentinhos feito na hora, pizzarias e shoppings cinemas, teatro e grandes supermercados.
Uma vez ou outra ouço relatos que alguém deparou se com uma cobra venenosa e se entrarmos no pasto de gato voltamos com alguns carrapatos, não temos hortifruti com variedades de frutas e verduras, sem opção de empregos, sem carros de aplicativos e quando chove corremos o rico de ficarmos até dois dias sem sinal de internet, telefone? Somente rural.
Nunca me preocupei em aprender dirigir carro ou pilotar moto, aqui os adolescentes já estão pilotando até tratores, isso foi impactante, me sentir na obrigação de dirigir ou pilotar já que não teria mais a comodidade de ter sempre o marido, pai, irmã ou carro de aplicativo que o fizesse por mim. Descobri que, um freezer horizontal era uma melhor escolha para quando, abatesse os suínos, ou até mesmo os frangos caipiras.
Se na cidade eu tinha o conforto de chegar do serviço, lanchar, banhar e cair no sofá diante da TV, aqui …se eu o fizer, os serviços acumulam, cerca pra apertar, uma área para roçar, animais para tratar, horta para cuidar, frutas para colher, mandioca para plantar, merenda pra assar, fogão a lenha para acender ( não! Nada de fogão a gás), o trabalho por aqui nunca acaba!
Aprendi fazer quitandas, a tirar vaca do brejo, leite da cabra e vaca, lavar chiqueiro, saltar de uma égua brava que correu em direção a “capoeira” (mata fechada), como eles falam aqui
Emoções por aqui, são intensas! Gratidão a Deus não me falta afinal, percebi que era exatamente o que eu precisava, está vivendo na roça!
Compreendi também que, posso viver da roça.
As opções de fonte de renda são muitas.
Ser um agricultor ou pecuarista, seja qual for a produção tirada da roça, a satisfação será garantida.
Sinto a necessidade se voltar pra faculdade, agronomia é a ciência que estrutura e torna capaz os negócios rurais.
Vou te alertar, cuidado!
Uma vez na roça, nunca mais sairá dela.
Uma resposta