Parece que foi ontem, mas já faz nove anos que trabalho com pesquisa na área de acessibilidade na web. Em 2012, quando eu tive o primeiro contato com pessoas com deficiência visual, auditiva e motora, mergulhei em um universo chamado acessibilidade digital, no qual pude perceber a importância dos recursos e projetos digitais para todos, em especial para o público chamado Pessoas com Deficiência.
A partir daquele momento comecei a defender a inserção dos recursos de acessibilidade, pois entendi a complexidade e a dificuldade para colocar um sistema de inclusão para funcionar. Isso não é um capricho, mas sim uma necessidade garantida por lei. Irei explicar o porquê mais adiante, visto que, primeiramente, é fundamental entender o que é acessibilidade digital.
O que é acessibilidade digital?
Conforme a definição da Web Accessibility Initiative (WAI), “acessibilidade na web é dar acesso ao maior número de pessoas, incluindo pessoas com deficiência e idosos, em igualdade, dando a elas o direito de navegação, interação, entendimento e percepção”.
O censo do IBGE de 2010 afirma que cerca de 24% da população brasileira possui alguma deficiência, incluindo pessoas com deficiência auditiva, motora, visual e mental, seja em níveis mais leves ou mais severos. Essa faixa populacional precisa de acessibilidade no ambiente digital para ser incluído na sociedade em geral.
É um número relativamente alto, concorda? Entretanto, é ainda pouco considerado pelas empresas quando falamos de sua inserção na web, já que, de acordo com uma pesquisa realizada pelas agências W3C Brasil e WPT, menos de 1% dos sites brasileiros hoje são acessíveis a esse público.
O governo brasileiro, atento à questão, criou algumas leis para a promoção e defesa da acessibilidade como, por exemplo, a de Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), lei nº 13.146 de 2015. Em seu artigo 63, A LBI tornou obrigatória a acessibilidade nos sites brasileiros por empresas públicas e privadas, garantindo o acesso das pessoas com deficiência em igualdade de condições em todo conteúdo disponível na web, conforme o manual de diretrizes de acessibilidade da w3c. (Saiba mais em: acesse o link do manual).
Com uma demanda tão grande e potencial crescimento de público e de mercado, o meu questionamento é: O seu negócio foi pensado para receber todas as pessoas no ambiente digital?
Vantagens para os usuários
Sem acessibilidade na web as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida perdem autonomia e precisam contar com a boa vontade alheia para executarem tarefas simples e essenciais. Com a acessibilidade, a empresa que investe neste recurso, ganha infinitas possibilidades, pois é na web que as pessoas buscam serviços, produtos e informações, ou seja, os ganhos são tanto para os usuários quanto para as empresas. Veja alguns exemplos:
- Melhora a experiência do usuário: User Experience (UX) é um aspecto essencial do design de um site, que visa melhorar a experiência que um usuário tem ao navegar pelo site da sua empresa.
- Pessoas que utilizam a web por meio de dispositivos móveis acessam serviços muitas vezes com um contraste ruim, com um teclado muito pequeno e conexão mais lenta.
- Pessoas com deficiência visual ou cegas que utilizam leitores de tela no computador podem navegar sem dificuldade pelos sites, preencher formulários, acionar botões por meio de comandos do teclado e conseguir acessar, inclusive, as informações que estão em imagens, por meio de textos alternativos.
- Pessoas com deficiência auditiva ou surdas podem acessar informações em vídeo com transcrições, legendas e traduções em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
- Pessoas com deficiência motora e mobilidade reduzida que usam apenas o teclado para acessar os conteúdos conseguem navegar com facilidade por todos os menus e seus subitens, serviços, formulários e informações disponíveis.
- Pessoas que não conseguem identificar algumas cores como os daltônicos, por exemplo, não precisam mais se confundir nem perder informações, porque todos os dados apresentados por meio de cores são transmitidos através de outras formas como o alto contraste.
Vantagens para as empresas
- Evita discriminação e reclamações legais: à medida que a internet e outras tecnologias digitais se tornam cada vez mais predominantes na vida diária, não é difícil argumentar que a acessibilidade digital é um direito civil para pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão (ou Estatuto da Pessoa com Deficiência), que entrou em vigor em 2016, garante que as pessoas com deficiência tenham acesso à informação e à comunicação.
- Ampliação e diversificação do seu público-alvo.
- Aumento de compatibilidade com diferentes navegadores web ou dispositivos.
- A acessibilidade contribui para que o site seja encontrado com muito mais facilidade, pois o código é estruturado de uma forma semanticamente correta.
- Fortalecimento da sua marca trazendo mais valor agregado à sua empresa.
- Melhor interação com o seu público, aumentando as chances de fidelização.
- Melhor performance e usabilidade das suas redes, criando vantagem competitiva.
- Um site acessível é mais fácil de navegar, carrega mais rápido, é mais simples e amigável.
Atualmente, é evidente que aquele que não buscar a acessibilidade vai ficar de fora da transformação digital. Espero que em um futuro próximo todos esses recursos sejam disponibilizados para toda a sociedade de forma justa e igualitária, não apenas porque é o correto, o que por si só já justificaria, mas também porque todos só têm a ganhar.
Isso é só a pontinha do iceberg do que é acessibilidade, a qual é apenas uma parte do processo de transformação digital! Tem muito mais para se falar sobre esse assunto!
Mas, por hora, vamos pensar em ambientes digitais mais inclusivos para todos? Para saber mais sobre o assunto acesse o meu blog pessoal: www.fabiolacalixto.com
Para saber mais sobre o assunto, acesse o meu blog pessoal: www.fabiolacalixto.com
Fabíola Calixto
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagens: Freepik
