Regina Pitoscia: Você sabe quanto paga de tarifa ao seu banco? Precisa saber

Nesta época de crise e vacas magras, acompanhar cada despesa na ponta do lápis é condição obrigatória para preservar as finanças. Você sabe quanto paga a seu banco para usar os seus serviços? A maioria dos correntistas não conhece essas informações com precisão, mas sabe que paga por um pacote para ter direito a transferências, talão de cheques, fornecimento de cópias de documentos e assim por diante.

Mas é preciso ter consciência de que por essa torneira pode vazar boa quantia a cada mês. O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) faz uma pesquisa a cada ano para acompanhar a evolução dos preços dos serviços bancários, e desde que iniciou esse trabalho a constatação foi a de que o reajuste aplicado fica sempre acima da inflação.

Neste ano não foi diferente, segundo a economista e coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, responsável pela pesquisa: o reajuste médio aplicado aos pacotes foi de 6% e às tarifas avulsas, de 5,1%. Isso é três vezes mais que a inflação oficial acumulada no período de 1,88%, medida pelo IPCA.

A cada novo estudo de comparação realizado pelo Idec, identificamos frequentemente a prática de reajustes abusivos no preço das tarifas avulsas e principalmente dos pacotes de tarifas dos principais bancos. Os ganhos em escala obtidos com a tecnologia na prestação de serviços não são repassados aos consumidores e as tarifas seguem aumentando.” 

A economista explica que só no primeiro trimestre de 2020 os bancos acumularam receita de R$ 34,4 bilhões com ta­­­rifas. E durante a fase de pandemia, em que muitos consumidores tiveram a redução ou perderam totalmente sua renda, os bancos públicos aumentaram consideravelmente a tarifa para transferência entre contas do mesmo banco. Na Caixa, ela subiu 393%, de R$ 1,40 para R$ 6,90, e no Banco do Brasil, 342%, de R$ 1,95 para R$ 6,85.

O que poderia ter mudado nas operações para justificar tal reajuste? “Isso é um total desrespeito com os consumidores, especialmente os mais vulneráveis, que têm maior dependência das transações presenciais”, afirma Amorim.

Analisando os seis maiores bancos do mercado – Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander e Safra –, a pesquisa mostra que, dos 75 pacotes oferecidos por eles, 53% tiveram reajustes de 2% a 90%. Somente o Santander e o Safra não corrigiram os valores.

A Caixa reajustou 90% o pacote “Universitária” (de R$ 7,90 para R$ 15); o Bradesco, o “Prático 2” em 24% (de R$ 21 para R$ 26); o Banco do Brasil, o “Personalizado Especial” em 16% (de R$ 65,76 para R$ 76,60); e o Itaú, o “MaxiConta Itaú Universitária” em 16% ( de R$ 7 para R$ 8,15).

Para a especialista, “os aumentos nos maiores bancos vão na contramão dos novos concorrentes, os bancos digitais e as fintechs, que seguem oferecendo as transferências entre contas e entre instituições financeiras gratuitamente”.Entre os sete bancos e as fintechs que oferecem contas digitais, com atuação concentrada em transferências e pagamentos, a maioria continua oferecendo o serviço sem cobrança de tarifas, alguns com isenção total de tarifas para todos os serviços, como o Next e o Banco Inter.

Por essas diferenças, a recomendação da coordenadora é que o consumidor fique mais atento às cobranças de tarifas nos extratos, que são automáticas, o que prejudica o controle e facilita a prática abusiva. Ao optar por um dos bancos digitais e fintechs, que oferecem os serviços gratuitos, quem decidir continuar correntista dos bancos tradicionais, pode converter a conta atual em uma de “Serviços Essenciais”, uma modalidade sem pacote, que garante ao usuário a movimentação com direito ao cartão de débito, 4 operações de saque, 2 extratos bancários, 2 transferências e consultas ao Internet Banking e aplicativo pelo celular, sem pagar nada.

Imagem: Freepik

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