Quando era pequena tinha uma música que era símbolo do dia das mães, nós a cantávamos na escola todos os anos, mas minha mãe detestava enquanto as outras choravam de emoção.

A letra era assim:

“Ela é a dona de tudo.

Ela é a rainha do lar…

Mamãe, mamãe, mamãe

Eu te lembro o chinelo na mão

O avental todo sujo de ovo

Se eu pudesse

Eu queria outra vez mamãe

Começar tudo, tudo de novo. ”

Toda vez que eu cantava ela tinha um legítimo ataque de riso, primeiro porque ela nunca quis ser a rainha do lar, preferiu ser uma médica que mal sabia onde ficavam as panelas na cozinha, segundo porque essa história de avental sujo de ovo e chinelo na mão definitivamente não combinavam com ela, o único avental que usava era o cirúrgico e chineladas não condiziam com seu conceito de como educar as filhas.

Fui criada sem palmadas nem gritos, aliás, não lembro de ver meus pais descontrolados conosco, eles pareciam um lago de águas calmas, preferiam o diálogo, um olhar fulminante e discursos sobre ética e responsabilidade.

Os tempos mudaram e hoje fico feliz de ver as jovens mães deixando o romantismo de lado e assumindo os perrengues de ser uma mãe, mulheres que descrevem a depressão pós-parto, a insegurança, a sensação de olhar no espelho e não se reconhecerem, o medo de perder o emprego e o amor próprio, mães reais que contam como ficam exaustas, desesperadas e descontroladas.

Antes que você imagine que sou revoltada, te conto que sou mãe de um casal de adultos que cresceram sem causar problemas, muito pelo contrário, aprendi o significado de amor e felicidade e os momentos mais inesquecíveis e importantes da minha vida foram sem dúvida quando os vi pela primeira vez e senti que minha vida nunca mais seria a mesma.

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Mas, exercer a empatia é sentir o que a outra sente, e vivemos num mundo cheio de mães solos que batalham o pão de cada dia, com garra e muita coragem e que esperam receber no dia de hoje muito carinho, amor, reconhecimento e quem sabe um presentinho.

Então, este texto não é só sobre mim, é sobre as mães em geral e sobre o dia em que os restaurantes lotam e o comércio fica exultante com as vendas.

Desde a semana passada em reuniões internacionais tenho recebido felicitações pelo dia das mães, pois a data é comemorada em dias diferentes conforme o país.

Na Grécia antiga, o início da primavera celebrava a deusa Reia, considerada a mãe de todos os deuses com homenagens, cultos e presentes.

Em 12 de maio de 1907 nos Estados Unidos, a Anna Jarvis, filha da ativista Ann Jarvis falecida em 1905, decidiu criar um memorial para a sua mãe e deu início a uma campanha para que o dia das Mães fosse reconhecido como um feriado.

Ann Jarvis valorizava a maternidade e fundou o Mother Day Work Club em 1858, realizando campanhas em prol das trabalhadoras e contra a mortalidade infantil.

A filha Anna seguiu os passos da mãe e se tornou uma ativista que conseguiu oficializar a data em 1914, com o objetivo de reunir as mães e seus filhos, ela conseguiu, mas no final lutou para eliminar a data do calendário oficial ao perceber que havia criado uma data comercial.

No Brasil, em 05 de maio de 1932 o decreto nº 21.366 foi assinado pelo então presidente Getúlio Vargas com o seguinte teor: …”um dos sentimentos que mais distinguem e dignificam a espécie humana é o de ternura, respeito e veneração, que evoca o amor materno. ”

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Então, independente do motivo ou da data, desejo para todas as mães muita felicidade, paz, amor, respeito e um mundo mais justo, sustentável e digno.

Que possamos reverenciar nossas ancestrais, as mães biológicas, as adotivas, as tias, avós, as mães de pets e de plantas.

Atualmente minha mãe mora no céu e todos os dias eu oro e agradeço a Deus por ter me presenteado com uma mãe que me ensinou tudo, que me inspirou tanto, que me amou, que foi muito amada, que foi uma referência para tantas mulheres.

Mãe, te amo infinito! Obrigada por me dar vida!

 

 

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