Lilian Schiavo: A tão falada autoestima

Já antevejo sua expressão de reprovação, mais um texto sobre autoestima! Vai me criticar pela falta de imaginação ou assunto, afinal, ninguém aguenta mais falar sobre isso…

Quer perguntar se sou coach, especialista em bem-estar, yoga, meditação e coisas tais, ou quem sabe, sou cirurgiã plástica, proprietária de um spa ou fabrico produtos de beleza? Será que este texto na verdade vai esconder a propaganda de um remédio para emagrecer?

Por definição, autoestima é a avaliação subjetiva que um indivíduo faz de si mesmo como sendo intrinsicamente positiva ou negativa em algum grau. A pessoa com alta autoestima tem uma visão positiva de si mesma, acredita nela mesma, em seu potencial e possui autoconfiança.

A baixa autoestima muitas vezes está ligada à percepção que temos de nossa aparência e nossos defeitos.

E com esta visão rasa do mundo, fui convidada para assistir um desfile inclusivo e sustentável.

Na passarela, senhoras de idade avançada, muitas delas já aposentadas, mulheres com deficiência visual desfilando amparadas por alguém, mulheres de todas as cores e corpos, nenhuma delas com um perfil de modelo ou miss.

As roupas foram confeccionadas com materiais recicláveis, sacolas de supermercado, lacres de sacolas, estopas, sacos de laranja, plástico bolha, papel e até máscaras descartáveis. Incrível constatar que os vestidos, chapéus e acessórios eram de uma beleza invulgar e tive dificuldade para identificar os materiais, afinal, tudo era tão lindo!

A idealizadora do desfile é uma pessoa que perdeu a visão aos 50 anos e fundou uma ONG para apoiar outras pessoas, ela costuma dizer que criou uma marca “do lixo para o luxo”, como a história da flor de lótus que apesar de nascer num pântano fedorento se transforma numa flor de beleza inquestionável.

O que me chamou atenção nas modelos não foi a imperfeição dos corpos, não percebi se eram gordas ou magras, se tinham braços flácidos, se precisavam de uma muleta para caminhar, o que ficava evidente para mim é que todas transmitiam felicidade!

Como crianças brincando de desfilar na sala de casa, elas se perfilavam e entravam no palco com a segurança de veteranas, com uma postura altiva, algumas quase dançando, mas todas com um olhar que transmitia muita segurança e a certeza que independente do que você pensa, elas estão muito bem consigo mesmas, sem dar a mínima para o seu julgamento ou preconceito.

Todas estavam vestidas de sorrisos largos e olhar maroto, quase te desafiando a fazer o mesmo, como que dizendo que a vida vale a pena quando é vivida com alegria, quando deixamos a vergonha de lado e nos propomos a brilhar, a ser divas divinas.

Olhava e pensava no grau de autoestima de cada uma delas… em contrapartida, lembrei de algumas mulheres que sofrem ao se olhar no espelho, que apesar de serem bonitas se sentem infelizes por causa de alguns quilos a mais, rugas ou cicatrizes, mulheres com cabelos lisos que queriam cabelos encaracolados, loiras que querem ficar morenas e morenas que querem ficar loiras, mulheres que passam por infinitas intervenções cirúrgicas, mas no final estão sempre descontentes e infelizes.

Mulheres que sentem um vazio, que se sentem sozinhas e invisíveis.

Se engana quem pensa que autoestima tem a ver com ter dinheiro para gastar, aquelas mulheres estavam me dando uma grande lição, demonstrando que não é possível comprar autoestima com uma sessão de massagem ou uma maquiagem nova, ainda não encontrei uma loja que vendesse autoconfiança em diversos tamanhos e pagamento em 3 vezes sem juros.

A beleza interior é uma realidade, ela tem luz e ofusca.

Autoconfiança e autoestima têm a ver com gostar de si mesma, se aceitar assim, do jeitinho que você é, com todas as imperfeições.

No final do desfile elas posaram para fotos, todas juntas, encarando o mundo com coragem e ousadia.

Da plateia, aplaudi de pé e entendi que na simplicidade encontramos segredos para uma vida mais equilibrada, saudável e feliz.

Ninguém disse que autoestima tem a ver com perfeição, com ganhar sempre, sobre aparecer mais que os outros, sobre nunca errar, não tem nada a ver com ser a mais inteligente, a mais forte, a mais mais qualquer coisa, basta apenas ser você mesma.

“Às vezes eu tropeço, caio e me quebro em pedaços. Isso me fortalece. Oxe, se um de mim já é forte, imagine vários! Bráulio Bessa

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

 

Imagem 01: AaronAmat | Crédito: Getty Images/iStockphoto

Imagem 02: Canvas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens