Escrever se tornou um hábito, uma forma de me conectar com as pessoas, uma oportunidade de levar palavras de encorajamento.
Esta semana entramos novamente num período de restrições e me sinto numa montanha russa, num minuto olho a paisagem lá do alto e no momento seguinte estou beirando o solo.
Tinha prometido para mim mesma que não tocaria no assunto da Covid-19, mas é inevitável.
Justo agora que as vacinas começaram a ser aplicadas e você já estava programando sua primeira saída…
Tive um bloqueio mental! Olho para a tela vazia e as palavras fogem, preciso me concentrar, escolher um assunto.
Então paro, fecho os olhos, respiro profundamente, me esvazio…será que isso é meditar?
Mergulho no silêncio, desacelero, respiro novamente e busco meu equilíbrio.
O dia está começando, a casa ainda está dormindo e dá até para ouvir uns passarinhos.
Aproveito para fazer minhas orações e agradecer.
Sou inundada por um sentimento de paz.
Lembro de como terminamos um evento virtual comemorativo do dia Internacional da mulher.
A apresentação de dados da OIT aponta que na pandemia as mulheres na América Latina trabalham o dobro de horas que os homens porque acumulam o trabalho profissional com as tarefas domésticas e cuidados com a família.
Discutimos sobre a luta histórica em busca da igualdade de gênero, relatos sobre a violência contra a mulher e histórias de superação.
Melhor fechar os olhos novamente e respirar fundo, imaginar umas paisagens paradisíacas e sentir o perfume das flores.
Deve ser por isso que estamos exaustas…
Volto para contar sobre o evento virtual, o “grand finale”.
Recebemos previamente um roteiro sobre como deveria ser a luz, o posicionamento diante da tela, o tipo de roupa adequada, o horário de início, o aviso sobre os microfones, programação e alguns pedidos inusitados: uma taça com bebida para o brinde final, uma pashmina e uma vela.
Tive a honra de ser escolhida para o discurso final, decidi falar sobre sororidade, palavra que vem do latim soror que significa irmã.
A sororidade é a versão feminina da fraternidade, é irmandade, um sentimento de solidariedade, empatia, aliança e união. Uma palavra recente que foi incorporada ao movimento feminista.
É derrubar o mito da rivalidade entre as mulheres, é ser a mulher que apoia outras mulheres, é dividir saberes sem medo de competição, é não julgar, é elogiar ao invés de criticar, é não invejar.
Termino minha fala e fazemos um brinde, são mulheres de 11 países diferentes e era a primeira vez que as via…
Na sequência, uma conferencista aparece e pede para colocarmos a pashmina nos ombros, fecharmos os olhos e pensar nos sentimentos ruins que tivemos neste último ano: raiva, frustração, desânimo, ira, depressão e tristeza. Ela diz que esses sentimentos foram para a pashmina, pede para você imaginar esse peso nos ombros.
Tiramos a pashmina e expulsamos esses sentimentos um a um, valeu até chacoalhar.
Então ela diz para recolocarmos a pashmina, desta vez vamos fechar os olhos e reviver os sentimentos bons: alegria, amor, serenidade, compaixão, liberdade, fé, esperança, felicidade e gratidão.
Em seguida, com cuidado retiramos nossas pashminas e as dobramos. Olho para a tela e vejo algumas mulheres com expressões sorridentes abraçadas na pashmina, como se os bons sentimentos estivessem irradiando.
Se deu certo eu não sei, mas senti uma alegria invadindo o lugar.
É, as mulheres são surpreendentes!
Estava curiosa com a cerimônia final, então pediram que segurássemos as velas como símbolo de iluminação e transformação.
Foi bonito de ver aquelas chamas acesas, pontos de luz em cada quadradinho da tela como uma mensagem de fé e esperança.
É isso que precisamos agora, esperançar!
Conseguimos chegar até aqui e vamos seguir em frente, esperançando, acreditando e vivendo um dia de cada vez, com pausas para silenciar e renascer mais fortes e melhores.
“A esperança é o sonho do homem acordado.” Aristóteles
Lilian Schiavo
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagem: Freepik