Lilian Schiavo: Etarismo

Você já foi chamada de velha? Duvidaram da sua capacidade cognitiva devido à sua idade?

Segundo definição da ecycle,  etarismo é a discriminação contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos associados à idade. O etarismo é um tipo de preconceito e pode assumir muitas formas, desde atitudes individuais até políticas e práticas institucionais que perpetuam a discriminação etária.

Daqui a alguns dias completarei 63 anos de idade com muito orgulho do caminho que percorri até aqui.

Ao longo da vida adquiri marcas do tempo e  algumas cicatrizes no corpo e na alma.

Quando ouço que não aparento a idade que tenho fico na dúvida se agradeço ou questiono como é a aparência que deveria ter, será aquele estereótipo que encontramos no desenho que sinaliza fila preferencial? Uma idosa com bengala?

Tenho muitas amigas com 70+ e me sinto  privilegiada por isso, com elas me divirto, me emociono e tenho ataques de riso.

A experiência traz uma sabedoria quase poética, mesclada com um sentimento de conforto e paz.

Atingir a maturidade significa ter muitas histórias para contar se você tiver paciência para ouvir, que ultrapassamos barreiras inimagináveis e colecionamos conquistas, derrotas e amores.

Etarismo é quando te dispensam do trabalho porque te acham ultrapassada, é quando fingem que não te escutam e te deixam falando sozinha, é quando julgam se podemos usar biquíni e cabelo comprido, é quando tolhem nossa liberdade de escolha, quando nos impedem de sair de casa com a desculpa de que o mundo é perigoso.

Chamar alguém de velha é ofensivo e depreciativo, é como dizer que você não serve mais, dói no coração de quem ouve.

Afinal, o que costumamos fazer com equipamentos velhos? Substituimos.

E com roupas velhas? Doamos

Imóveis velhos? Demolimos para construir um novo.

E com pessoas velhas??

É verdade que envelhecemos, que perdemos algumas capacidades, que a memória às vezes falha, mas isso não dá a ninguém o direito de nos excluir, calar ou impedir de seguir em frente.

O caminhar pode ficar mais lento, mas o cérebro continua ativo, criando sonhos sem limites.

Gostaria de viver num mundo mais inclusivo e com diversidade onde as pessoas exerçam o respeito, empatia, solidariedade e compreensão com esta geração prateada.

“Não é verdade que as pessoas param de perseguir os sonhos porque envelhecem, elas envelhecem porque param de perseguir os sonhos.” Gabriel García Márquez.

 

Lilian Schiavo

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