No dia 08 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher em vários países.
Provavelmente a primeira coisa que você imagina é que vai ganhar mimos, flores, perfumes e bombons.
Você pensa que é um dia em que o mundo se colore de cor de rosa e nós comemoramos felizes?
Num passado recente seria a data em que os lojistas e restaurantes fariam promoções especiais para alavancar o movimento.
Sem querer me transformei num balde de água gelada quando me convidaram para um evento… platéia lotada, música e apresentações de ballet, resolveram me chamar para compor a mesa e dizer algumas palavras. Esperavam um discurso fofo, exaltando as mulheres e entregando flores.
Comecei perguntando se alguém sabia porque o dia 08 de março foi escolhido.
Em 1975 a Organização das Nações Unidas instituiu esta data que já vinha sendo celebrada nos Estados Unidos e em alguns países da Europa desde o final do século XIX.
A luta por equidade salarial, igualdade de gênero e melhores condições de trabalho não é de agora, começou com o movimento sufragista e se alastrou rapidamente.
Em 1908, mulheres que trabalhavam numa fábrica têxtil fizeram uma greve por melhores condições de trabalho, elas pediam redução na exaustiva jornada de 14 horas e salários iguais aos dos homens. É… pelo jeito até hoje a questão da equidade salarial não foi resolvida, de acordo com um estudo realizado pelo IBGE Censo 2021 as mulheres recebem salários em média 20,5% menores que os homens.
Em fevereiro de 1909 as mulheres americanas se uniram para celebrar o início deste movimento inspirado na greve do ano anterior, mas infelizmente, em março de 1911 ocorreu um incêndio no interior da fábrica de confecção, resultando na morte de 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria imigrantes judeus e algumas operárias tinham apenas14 anos de idade.
Essas vítimas morreram porque as portas da fábrica estavam trancadas, o incêndio foi causado pela precariedade das instalações elétricas.
Em março de 1917 na Rússia, 90.000 operárias foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho e de vida no evento chamado ”Pão e Paz” pois havia fome e guerra.
Este dia não foi criado para o comércio mas sim para lembrar da luta histórica das mulheres, uma reflexão sobre equidade salarial, conquistas de direitos, violência contra a mulher, igualdade de gênero, inclusão e diversidade.
Somos 51% da população brasileira, 100,5 milhões de mulheres e segundo o Global Entrepreneurship Monitor o país conta com 24 milhões de empreendedoras.
Respondemos por 66% do consumo no país, movimentamos cerca de 1,3 trilhões de reais e se é para lembrar que somos poderosas, as mulheres concentram 83% das decisões de compras nos lares brasileiros.
Somos maioria nos bancos universitários mas continuamos minoria nos cargos de liderança.
Segundo o Fórum Econômico Mundial levaremos 200 anos para atingir a igualdade de gênero… e ainda encontro mulheres que odeiam feministas.
Preciso esclarecer que feminismo é diferente de machismo.
Conheço muitos homens feministas, machismo é acreditar que os homens são superiores, são melhores, enquanto feminismo luta por igualdade, por oportunidades iguais, por respeito.
Não somos contra os homens, muito pelo contrário, queremos conviver em harmonia, crescer e caminhar junto.
Há um longo caminho a ser percorrido e te convido para celebrar o dia das mulheres comigo, vamos lutar por um mundo mais justo, ético, sustentável e inclusivo.
Finalizo com uma frase da Michelle Obama:
“Nenhum país consegue realmente florescer se abafar o potencial feminino. Afinal, dessa maneira ele está se privando da contribuição de metade dos cidadãos”.
Lilian Schiavo
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