Lilian Schiavo: Gotas de felicidade

Sou uma curiosa por natureza, uma aluna em tempo integral, e isso envolve uma disposição para o autoconhecimento, para a inovação e principalmente para a convivência harmônica com outras pessoas.

Quem participa de redes de mulheres sabe a importância de ser acolhida ao chegar num grupo, todas nós carregamos dores e medos mas fingimos que está tudo bem, que somos as mulheres com superpoderes, capazes de carregar o mundo nas costas… mas não é bem assim e por isso, quando temos a sensação de pertencimento somos capazes de abrir nossos corações.

Numa das organizações que participo, estávamos num evento sobre educação financeira com executivas e empresárias de diversos setores quando de repente uma delas resolve contar sobre uma experiência de assédio sexual, a primeira reação foi de susto, mas na sequência, como num passe de mágica, quase todas começaram a relatar casos de violência doméstica, a maioria dizendo que era a primeira vez que tocavam no assunto.

Foi como abrir uma porta trancada durante anos, as vozes que estavam caladas agora estavam aptas a denunciar.

Pertencimento tem a ver com união e coragem, tem a ver com um conceito de origem africana que prega a filosofia do “eu sou porque nós somos”, Nelson Mandela explicou que a questão é: o meu progresso pessoal está a serviço do progresso da minha comunidade? Isso é o mais importante na vida. E se uma pessoa conseguir viver assim, terá atingido algo admirável.

Ubuntu, como um de nós pode ser feliz se alguém estiver triste?

Para eles, essa é a receita da felicidade.

Solidariedade, cooperação, respeito, acolhimento, empatia e compaixão sintonizam nossa alma com o divino, trazendo como consequência uma sensação de bem-estar que pode contagiar quem estiver ao nosso redor.

Alguém já percebeu que gentileza gera gentileza e amor reverbera amor?

Acredito que pessoas que são verdadeiros agentes de transformação da sociedade, capazes de motivar e mobilizar, podem impactar positivamente e produzir mudanças sensíveis em todo o mundo e trazer um novo olhar sobre a dinâmica da equidade de gênero.

Estimativa da We Connect International, afirma que se homens e mulheres participassem igualmente na economia mundial, o PIB Global aumentaria até 2025 o equivalente ao PIB da China e dos Estados Unidos somados.

São números expressivos e grandiosos que só confirmam que a igualdade de gênero é bom para os negócios, aumenta a produtividade, gera valor à marca e acelera a retomada econômica dos países.

As mulheres têm se reunido cada vez mais, lutando por um lugar ao sol, dispostas a enfrentar as conhecidas barreiras dos tetos de vidro, da síndrome da impostora, da dificuldade de acesso a créditos e principalmente da insegurança e baixa autoestima.

Em 2014 a ONU Mulheres criou o He for She, um movimento de solidariedade para envolver toda a sociedade, incluindo os homens e meninos, na promoção da igualdade de gênero e pelos direitos humanos das mulheres e meninas.

Desta forma, numa demonstração que homens não estão contra as mulheres e vice-versa, essa batalha não tem perdedores, não é uma competição para ver quem é melhor, é enxergar que precisamos do apoio de todos para que as mudanças aconteçam. Afinal, o progresso de uma nação nunca foi uma questão de homens OU mulheres, mas sim de homens E mulheres.

Vamos reclamar quando na seção de brinquedos de meninas não encontrarmos jogos que estimulem o raciocínio lógico e também parar de contar histórias onde as princesas dependam de um príncipe encantado para salvá-las.

Sou casada há 38 anos e tenho a certeza de que cheguei até aqui porque conto com o apoio incondicional do meu marido, ele é capaz de preparar o jantar se eu precisar trabalhar até tarde, assim como sou capaz de deixar preparado um capeletti in brodo para quando ele chegar.

O combustível das nossas vidas é sem dúvida o amor e o respeito.

Finalizo com uma frase do historiador grego, Tucídides:

“O segredo para a felicidade é a liberdade… E o segredo para a liberdade é a coragem.”

 

 

Lilian Schiavo

 

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