Fabio Abate: A gente é viciado em ser do jeito que somos…

Porque será que temos tanta dificuldade de lidar com situações novas, pessoas novas e até mesmo desafios novos? Será que não temos a capacidade de desenvolver novos jeitos e habilidades? Será que nascemos fadados a sermos do mesmo jeito a vida inteira? Ou será que somos viciados em sermos do jeito que somos e por preguiça mental queremos ficar no mesmo lugar e agindo da mesma fora?

Na minha cabeça são mais perguntas do que respostas mesmo, me perdoem por isso, mas eu venho acreditando mais nas perguntas que me faço do que nas respostas, até porque muitas respostas são desculpas para permanecer do mesmo jeito e evitar as perguntas certas.

De forma concreta entendo que as perguntas abrem muitas possibilidades, enquanto as repostas, muitas vezes definem uma única opção a ser seguida.

Por muito tempo culpei o mundo pelas minhas incompetências de lidar com situações adversas, é verdade, a culpa já foi dos meus pais, já foi dos meus amigos, já foi dos meus relacionamentos, já foi até da vida boa que eu tenho. Acredite se quiser eu já culpei a minha vida boa por não me preparar para alguns desafios que eu nunca tive que enfrentar. Até que um belo dia, nas minhas caminhadas de alto desenvolvimento comecei a perceber que a minha história tinha o peso do significado que eu dei para ela. E aí a perspectiva muda completamente, porque sou eu que edito os meus filmes mentais, então farei novos recortes.

Claro que eu posso escolher em ter todas as razões do mundo para justificar tudo que não consigo fazer e chegar numa conclusão bem confortável que realmente aquilo não era para mim, mas será que não era? Ou eu desisti sem ao menos tentar porque exigiria de mim aprender algo, desaprender algo, desapegar de algo ou me superar em tudo aquilo que um dia já fez sentido, mas agora não faz mais.

Eu frequentei os mesmos lugares por muito tempo, caminhei com as mesmas pessoas por anos e lidei com elas do mesmo jeito por todos esses anos, construí uma filosofia de vida cheia de crenças, abri mão de relacionamentos e oportunidades com “certezas” absolutas que aquilo não era para mim. Mas hoje, quando olho para traz eu vejo uma série de caminhos que não precisam ter sido percorridos e outros que eu deveria ter entrado de cabeça.

Para não ficar aqui parecendo um desabafo tolo ou mais uma história para me confortar de tudo aquilo que eu poderia ter feito diferente, quero lhes dizer uma coisa muito importante: isso tudo faz parte da minha história e só estou falando de tudo isso porque consegui entender que eu entreguei o melhor que eu pude e de agora em diante, por todo conhecimento que tenho não posso mais ficar escondido atrás das minhas próprias desculpas.

Então, agora que fazer um convite a você, vamos juntos prestar a atenção em tudo que estamos relutando em ser, em todas as resistências que criamos, para todas as verdades que inventamos porque acreditamos que esse é o nosso jeito, mas lembre-se que mais que um jeitão de ser, mais que uma personalidade, nós somos viciados em sermos de um mesmo jeito, mas até isso é possível ser transformado?

 

Fabio Abate

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: David Robson – Nexo Jornal

 

 

 

2 respostas

  1. Se auto perceber e aceitar mudar é muitodíficil. Mas depois que consegue transceder esse passo, é muito libertador e o processo muito gratificante … a gente chega até se sentir de certa forma mais LIVRE !

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