Fe Bedran: O aposto e a pontuação

aposto
  • Teresa, nossa mãe foi trabalhar.
  • Teresa, nossa mãe, foi trabalhar.

 

Na semana passada, terminamos a coluna com estas duas orações. Na primeira,  Teresa é a pessoa invocada, a quem dirigimos a palavra, ou seja, o vocativo.  Já na segunda, nossa mãe é a explicação para Teresa, que não está sendo chamada,  e funciona como aposto. Você sabe o que é o aposto? Este, juntamente com a sua pontuação, será o assunto de hoje.

 

aposto se caracteriza por palavras, expressões ou orações que têm como intuito explicar, especificar ou até mesmo resumir um nome, pronome ou algum outro termo ao qual ele está associado. O aposto ocorre antes ou depois do termo ao qual ele faz referência, podendo ser destacado (ou não) por recursos de pontuação, tais como travessão, vírgula, parênteses, dois-pontos, etc. De acordo com a sua finalidade, o aposto pode ser classificado como explicativo, enumerativo, especificativo, recapitulativo (ou resumidor), comparativo ou distributivo.

 

Veja os exemplos:

 

Enumerativo:

Enumera os elementos constituintes de um termo da oração.

  • Em nossos alunos, encorajamos principalmente duas virtudes: caráter e honestidade.
  • Já conheci diversos estados brasileiros: Bahia, Amazonas, Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

 

Resumidor ou Recapitulativo:

Serve para resumir os termos anteriores em apenas uma palavra. Geralmente é expresso por um pronome indefinido ou demonstrativo.

  • Malas, passaporte, documentos e passagens, tudo pronto para a viagem.
  • Honestidade, melhorias na saúde, educação e segurança, isso é o que eu quero para o próximo candidato eleito..
  • Viagens e saúde, esses são os objetivos das minhas economias.

 

 

Distributivo:

Distribui as informações dos termos da oração, separadamente.

  • Ambos são competentes médicas, uma é pediatra e a outra é
  • Minhas netas são diferentes: est aé loira; aquela é morena.

 

 

Oração Subordinada Substantiva Apositiva ou Aposto Oracional:

Oração Subordinada Substantiva Apositiva é outra oração que funciona como aposto, ou seja, apresenta valor apositivo e se encontra sintaticamente dependente de outra.

 

  • Ela só tem um desejo: que seus filhos cresçam sadios.
  • Reinaldo tinha um grande sonho: que conseguisse estudar fora do Brasil.
  • Reinaldo tinha um grande sonho: estudar fora do Brasil.
  • Não consigo aceitar uma coisa: você não ter comparecido à festa

 

 

Não confunda com a Oração Subordinada Adjetiva Explicativa, que também funciona como aposto, mas que tem como função complementar o sentido de um substantivo anterior, e não uma frase. Por exemplo: O “Thanksgiving”, que para os americanos é a principal festa do ano, para nós equivale ao Natal.

 

Este tipo de aposto (oracional) também pode vir representado pelo pronome demonstrativo “o”, por outros substantivos (acontecimento, fato, episódio, situação, sinal, fruto, etc) ou por gerúndios:

 

  • Ele disse que não consegue mais ficar com seu cachorro, fato que me deixou bastante triste.
  • Marta não conseguiu terminar a corrida, sinalizando pouco preparo.
  • A mesa ficou linda e deliciosa, fruto do seu bom gosto.
  • Ela chorou muito, sinal de depressão.
  • Letícia perdeu seu anel, o que a deixou bastante triste.

 

Aposto Comparativo

Compara um termo da oração com alguma coisa.

Seus olhos, pequenas jabuticabas brilhantes, me miravam intensamente.

  

Explicativo:

Como o próprio conceito sugere, é empregado com o objetivo de esclarecer ou explicar um determinado termo da oração, sendo geralmente destacado por travessões, vírgulas ou parênteses.

 

  • Maria, a melhor editora do jornal, recebeu muitas recomendações.
  • Aquelas duas arquitetas – a Priscila e a Amanda– foram convidadas para a exposição.

 

Especificativo:

Finalmente um tipo de aposto que se diferencia de todos os outros por não aparecer demarcado por nenhum sinal de pontuação. Sua função é individualizar, ou seja, tornar único, um substantivo de sentido genérico, ligando-se a ele por meio de uma preposição ou de forma direta:

 

  • A cidade do Rio de Janeiro é muito linda
  • O rio Tietê nunca esteve tão limpo.
  • O professor José compareceu à palestra.

 

Prestem atenção como a vírgula, além de mudar o sentido das orações, também diferencia os dois tipos de aposto (explicativo e especificativo) e o adjunto adnominal:

 

  • Os alunos, despreparados, não terminaram a prova. (aposto explicativo)
  • Os alunos despreparados não terminaram a prova. (adjunto adnominal)

 

Na primeira, o aposto explicativo vem separado por vírgulas e significa que todos os alunos estavam despreparados, por isso, não terminaram a prova. Já na segunda oração, “despreparados” especifica que somente os alunos que não estudaram, não conseguiram terminar a prova.

 

Também:

  • O técnico Tite afirmou que o Brasil ganhará a próxima Copa
    • O atual técnico da seleção brasileira de futebol, Tite, afirmou que o Brasil ganhará a próxima Copa.

 

No caso de cargos e nomes próprios distinguirmos o aposto explicativo do especificativo, usando a seguinte “dica”: se for cargo não-exclusivo (= técnicos existem muitos), é aposto especificativo (= sem vírgulas); se for cargo exclusivo ( = atual técnico da seleção brasileira de futebol é um só), é aposto explicativo (com vírgulas).

 

Em caso de dúvida, a melhor saída é inverter a posição dos termos da oração. Se escrevermos “Tite, atual técnico da seleção brasileira de futebol, afirmou…”, as vírgulas são obrigatórias. Sempre que o nome próprio vier antes, o título será um aposto explicativo e deverá ficar entre vírgulas.

 

Aproveitando este assunto, vamos voltar ao caso da vírgula quando usada em Orações Subordinadas Adjetivas (veja box acima, e a coluna já escrita sobre a vírgula e as orações). Caso a oração seja Subordinada Adjetiva Explicativa, virá entre vírgulas. Se for Restritiva, não virá entre vírgulas. Observem os exemplos:

 

  • O homem, que é um ser pensante, deve escolher bem o seu voto. (todos os homens são seres pensantes)
  • O homem que foi um bom filho será um bom pai. (somente os homens que foram bons filhos serão bons pais).

 

Ufa, fiquei cansada! E vocês?

 

Se ainda tiverem pique, investiguem neste sites as diferenças entre “aposto, complemento nominal e adjunto adnominal:

 

 

 

 

 

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BIBLIOGRAFIA:

CIPRO NETO, Pasquale. Como Usar a Vírgula e Outros Sinais de Pontuação. Barueri, SP: Gold Editora, 2009.

CIPRO NETO, Pasquale. Coleção Professor Pasquale Explica: Pontuação, a Vírgula e Outros Sinais. . Barueri, SP: Gold Editora, 2011.

Sites Diversos:

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