Fe Bedran: Produção de Arte na prática -parte 4

Na semana passada, falamos sobre o processo de decupagem do texto feita pela Produção de Arte e sobre os “materiais de cena”, ou seja, todos os itens sob a responsabilidade da Prod. de Arte.

Dentre os “materiais de cena”, no entanto, destacam-se as “marcações de cena”. Como o próprio nome já descreve, as “marcações de cena” são as verdadeiras protagonistas do texto, imprescindíveis à cena, e o item mais importante e marcante do “material de cena”. Geralmente, as ações dos atores e conteúdo cênico se baseiam em torno destas marcações. Todo o comportamento dramático e dramatúrgico, decorre do emprego destes objetos de marcação. Vamos a um exemplo prático e simples, já citado em colunas anteriores:

Vamos à uma lista do material ou objetos de cena:

– chaves da casa de Mariana com chaveiro do personagem

– chaves na porta da casa (internas) + chaveiro

– Lívia veio da escola? Material escolar de Lívia (mochila, fichário, cadernos)

– Mariana estava na padaria na cena anterior (antes de buscar Lívia na escola): sacola de compras plástica da padaria da cidade cenográfica; logomarca fictícia de rede de supermercados; compras para o interior da sacola cenografadas – pote de geleia, caixa de cereal, caixa de leite, pão de forma, pote de requeijão, caixa de suco).

– Celular de Roberto com tela produzida de telefone ligando

– Fone de ouvido de Roberto por ali (poderia estar ouvindo antes de ligar para Laura)

– Copo d’água que Roberto poderia ter bebido enquanto estava na sala.

A “marcação de cena” é o celular de Roberto, o objeto mais importante da cena, ao redor do qual as principais ações dos atores se desenvolvem. Os outros objetos são secundários e não imprescindíveis ao conteúdo dramático.

Vejam, abaixo, uma decupagem à mão feita após a primeira leitura do texto do episódio da série “Por Toda Minha Vida” sobre a cantora e compositora Dolores Duran, em 2007. As marcações de cena estão circuladas em vermelho, já os materiais de cena estão escritos à mão ou grifados no texto.

Foi esclarecedor? Espero que sim. Aguardem a coluna da próxima semana!

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