Lilian Schiavo: Invisível ou transparente?

Invisível, segundo o dicionário, é o que, por sua natureza, não tem visibilidade.

É o que não se pode ver ou o que não se refere a uma realidade concreta.

Assim é o ar, o vento, a fé e o medo.

As pessoas também podem ser invisíveis quando elas não são vistas nem ouvidas, quando são ignoradas e tratadas como se não existissem.

Neste novo mundo que está surgindo o nosso olhar está mudando e passamos a  enxergar o que antes estava escondido.

As névoas dissiparam e trouxeram visibilidade e importância ao invisível.

Alguns sentimentos se solidificaram, dá impressão que é possível cortar um pedaço de solidariedade e entregar para um desconhecido.

Se antes você ignorava um morador em situação de rua, hoje você participa de campanhas para arrecadar alimentos e produtos de higiene.

O antigo provérbio que dizia que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher virou uma campanha para conscientizar a população a denunciar violência contra as mulheres.

PcD, pessoas com deficiência começam a ganhar visibilidade e espaço com a inclusão tecnológica. Outro dia, uma amiga com baixa visão recebeu uma revista digital com áudio, foi mais um passo de independência, mais uma fonte de alegria.

A definição de transparente é o que deixa passar a luz e ver nitidamente o que está por trás.

Ser transparente é ser límpido, tem a ver com compliance, ética e verdade.

Uma pessoa transparente é aquela que demonstra seus sentimentos, é aquela que admite que errou, que conta o que sente e às vezes beira o “sincericídio”.

O transparente não é invisível!

Tenho ouvido muitas previsões sobre o dia em que o distanciamento social terminar e o #fique em casa for trocado por #podemos sair.

Um famoso publicitário disse que as palavras de ordem são empatia e solidariedade, que devemos contribuir com ações positivas.

Lembrou que na 2°Guerra Mundial as empresas que haviam ajudado a população não foram esquecidas, pelo contrário, tiveram sua imagem fortalecida pelos consumidores.

Grandes indústrias e bancos se uniram para colaborar de alguma forma, mudando sua linha de produção para fabricar álcool gel e equipamentos médico-hospitalares, chegaram até a construir hospitais para amenizar a falta de leitos.

Pequenos e médios empreendedores encontraram soluções criativas para fabricar máscaras e equipamentos 3D.

Chefs de cozinha e donos de restaurantes continuam funcionando para fazer pães e marmitas para distribuição aos moradores em situação vulnerável.

Eles não serão esquecidos, que nada que estamos vivendo seja esquecido.

É uma guerra e como nossos pais e avós, teremos muito para contar. Histórias de solidão, de amparo, de descobertas, de amor e cumplicidade, histórias de fé e esperança.

Que tudo o que está acontecendo nos faça ressignificar, que os invisíveis se tornem visíveis e o mundo ganhe transparência.

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