Lilian Schiavo: Quando os invisíveis se tornam visíveis

visíveis
Costumo dizer que gosto muito de conhecer pessoas e suas histórias, é como se cada uma fosse um livro cuja capa não representa o seu conteúdo.
Quantas vezes você já fez um pré-julgamento baseado na aparência da  pessoa e depois percebeu que estava completamente errada?
Faço parte de um grupo de empresárias que se encontram uma vez por mês para debater sobre um livro. Pareceu chato? Quando iniciamos esse projeto não imaginamos onde chegaríamos.
Desta vez a reflexão era sobre o amor incondicional, uma história surpreendente de uma mulher que nasceu paralítica e um homem que perdeu a visão, eles se conhecem e se completam, ela passa a ser os olhos dele e ele a transporta pela cidade e montanhas numa simbiose perfeita.
Ler este livro foi como voltar à adolescência quando eu passava a noite em claro e só parava na última frase, eu me transportava para aquele mundo novo e fascinante da literatura.
Quando terminei de ler, liguei para a Vilma que é deficiente visual para contar que tinha aprendido que devemos enxergar com o coração e a alma ao invés dos nossos olhos enganosos, entendi como ela vê as pessoas.
Na nossa reunião fomos nos abrindo aos poucos, lendo alguns trechos que chamaram a nossa atenção, contando quem somos e como pensamos.
Descobrimos que no grupo haviam duas mães de meninas com síndromes raras, as duas receberam diagnósticos ruins, o médico disse para a uma delas que não deveria se apegar à filha pois a vida da recém-nascida seria curta, agora a menina tem 8 anos e segue vivendo, indo para a escola e fazendo coisas que pareciam impossíveis.
A outra mãe passou muito tempo procurando entender o que acontecia com a filha, ninguém sabia dar o diagnóstico até que finalmente descobriram que a menina era portadora de uma doença rara, óbvio que a mãe não deu ouvidos aos médicos e a filha dela atualmente frequenta uma escola e também segue contra todas as expectativas e também realizando tarefas que seriam impossíveis.
Mães e filhas são corajosas, transformam o amor em tratamento, enfrentam desafios diários e sorriem para a vida.
Outra integrante do grupo contou que sofreu abuso sexual e precisou se tratar, transformou o trauma num aprendizado e se tornou uma terapeuta holística que dedica a vida para  ajudar pessoas a superarem suas dores.
Escutamos o relato de uma mulher que ao se casar pela segunda vez foi contra a opinião de toda a família, brigou com todos e passou anos sem conversar com ninguém, como se eles não existissem… então percebeu que havia cometido um grande erro, o príncipe virou sapo e depois de muito sofrimento ela se separou e procurou a família que a recebeu sem perguntas, mas com muito amor, como se nada tivesse acontecido.
Outra resolveu se separar ao descobrir a diferença entre amor e posse, sabe quando perguntam aonde você está ao invés de como você está? Quando acham que você é uma propriedade e não uma pessoa? Quando não respeitam as suas opiniões e te fazem acreditar que você não é capaz?
O livro conta a história de um amor sem questionamentos, sem cobranças, com um profundo entendimento do que realmente importa numa relação, do porque vale a pena viver.
Descobrimos que é possível amar como está escrito em 1 Coríntios 13:4-
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
  Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
  O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
  Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” 
Mas quando os invisíveis se tornam visíveis?
Quando passamos a enxergar as pessoas sem voz e passamos a ouvi-las; quando fazemos como uma estilista do mercado de luxo que ensina presidiárias e mulheres das comunidades a terem uma profissão para gerar renda; quando lutamos para que as síndromes raras sejam objeto de pesquisa científica em busca de novos tratamentos; quando não nos calamos perante as injustiças, os abusos e a discriminação.
Quando incentivamos as pessoas a se tornarem protagonistas da própria vida, quando ensinamos ferramentas que as tornem independentes, quando possibilitamos o acesso a educação.
O invisível fica perceptível quando nos unimos em prol de uma causa, quando não calamos nosso grito, quando exercemos a compaixão, quando aprendemos que o que move o mundo é o amor e por causa dele podemos transformar o mundo.
Não é por acaso que o nosso lema é:
“Sozinhas invisíveis, juntas invencíveis!”

2 respostas

  1. Lilian, seu texto foi maravilhoso. União e amor é o que precisamos nos dias de hoje para fazer do mundo um lugar melhor para se viver. As histórias que você compartilhou são lindamente inspiradoras e a OBME, um ambiente acolhedor para a união e fortalecimento de mulheres incríveis. Inspirador!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens