Marina Parra: Feliz aniversário, Guernica!

¡Hola a todos!

“O que você acha que é um artista? Um imbecil que só tem olhos se é pintor, ouvidos se é músico ou lira que ocupa todo o coração se é poeta? Pelo contrário, ele é um ser político, constantemente consciente dos eventos chocantes, raivosos ou afortunados aos quais ele responde de todas as maneiras. Não, a pintura não é feita para decorar casas” (Picasso a um jornalista, depois da Segunda Guerra Mundial)

Com essa fala inquietante e certeira, amanhã, dia 26 de abril, é aniversário de 81 anos do ataque de aviões alemães à cidade de Guernika, dando origem a uma das obras mais icônicas do século XX, o mural de Guernica, de Pablo Ruiz Picasso.

Acho extremamente relevante lembrar um pouco porque essa obra é considerada uma das mais representativas do século passado.

Se nós tentamos explicar a uma criança o que é o ‘Guernica’, cada um daria mil nuances, mas todos concordam em uma ideia comum: que a pintura mais famosa de Picasso é um grito contra o horror e a barbárie da guerra. De qualquer guerra. De todas as guerras.

A História de Guernica começa em janeiro de 1937, quando o Governo da II República da Espanha encarga a Picasso um grande quadro para o pavilhão espanhol da Exposição Universal que seria realizada naquele ano em Paris. A partir de 1 de maio, em um sótão parisiense, o artista passou vários dias preparando vários esboços antes de começar a tela em branco. Em 10 de maio, ele começou a pintar seu grande trabalho de 3,49 x 7,77 m.

Poucos dias antes, em 26 de abril, a cidade Guernica (ou Gernika em basco), que é uma cidade da província da Biscaia, localizada na comunidade autônoma do País Basco, havia sido bombardeada e devastada pela Legião Condor Alemã. O ataque, que serviu também para testar aviões de guerra e ganhar experiências no combate aéreo, apoiou as forças de Francisco Franco que invadiram a cidade poucos dias depois do bombardeio.

O assunto circulou de boca em boca entre os espanhóis em Paris e a imprensa francesa também ecoou o ocorrido, dando ao artista o assunto para começar a sua obra.

Por este motivo, este quadro tem também um significado político e funciona como uma crítica à devastação causada pelas forças Nazistas aliadas ao ditador espanhol Franco. Outra possível interpretação indica que o quadro Guernica funciona como um símbolo de paz ou antiguerra.

Depois de ter sido terminado (demorou aproximadamente um mês), o quadro fez uma digressão pelo mundo, tendo ficado globalmente reconhecido e atraindo a atenção do resto do mundo para a Guerra Civil Espanhola.

Cada um dos elementos que compõem a tela pode ser objeto de múltiplas e diferentes interpretações. Ao analisar sua iconografia, pode-se dividir os atores dessa composição piramidal em dois grupos, sendo o primeiro composto de três animais: o touro, o cavalo ferido e o pássaro alado que é vagamente percebido no fundo, à esquerda. Os seres humanos compõem um segundo grupo, que inclui um soldado morto e várias mulheres: a localizada na área superior direita, que olha pela janela e segura uma lâmpada; a mãe que, à esquerda da tela, grita carregando o filho morto; o que entra precipitadamente pela direita; e finalmente, aquele que chora para o céu, com os braços erguidos, diante de uma casa em chamas.

Em alguns elementos do quadro, podemos perceber que há algo escrito dentro, como se fossem formados por folhas de jornal. Isso indica como o pintor foi informado sobre o ataque ocorrido em Guernica.

A espada quebrada representa a derrota do povo, que foi quebrado pelos seus opositores, enquanto os edifícios em chamas indicam a destruição não apenas em Guernica, mas a destruição causada pela Guerra Civil.

Mas por que Picasso escolheu apenas o preto e branco?

O preto e branco foram as cores escolhidas pelo o autor, que servem para intensificar a sensação de drama causado pelo bombardeamento. Dizem também que as cores representam uma fotografia em preto e branco, atribuindo ainda mais o caráter realista da obra.

‘Guernica’ é uma das ocasiões em que Picasso se envolve na questão social e deixa por alguns momentos sua vida pessoal, que geralmente o inspirava com mais frequência. O trabalho, em defesa universal contra a violência e a barbárie, viajou pela Europa e pelos EUA – e a tela sofreu muito por isso.

Picasso expressou seu desejo de que a pintura não fosse para a Espanha em nenhuma circunstância até que a democracia fosse restaurada. E levou mais de quatro décadas para que ‘Guernica’ pisasse em solo espanhol e, só então em 10 de setembro de 1981, a obra desembarcou no aeroporto de Madri, onde repousa até hoje no Museu Reina Sofía.

Deem só uma olhada nessa animação em 3D da pintura:

¡Besos y hasta la próxima semana!

3 respostas

  1. Parabéns, Marina. Guernica tem que ser estudada, falada, apreciada. Uma obra ímpar com valores artísticos e históricos absolutos. Trabalho sempre em aula essa obra de arte, mas principalmente a guerra que ela retrata. Ah, e o toque final com o vídeo foi um espetáculo.

  2. Que gran obra, dolorosa e intensa.

    Para contribuir al artículo, existen las siguientes DÉCIMAS PARA EL GUERNICA. Son versos realizados por Juanlu Mora, María Jimenez Serrano, Andrés Romero y Mopo Meursault, fueron musicalizadas por Jorge Drexler.

    Video: https://www.youtube.com/watch?v=W-wBVpNldgg
    La sangre gris en el lienzo
    clava su lanza y salpica.
    No hay un rojo más intenso
    que los grises del Guernica.

    Cada trazo en la pintura
    sostiene, de horror, un grito.
    Guernica, un rumor maldito
    te atraviesa cada hechura
    y muerde a cada criatura
    sobre el violento retablo,
    mientras un sordo vocablo
    de muerte el óleo rubrica
    y te desangras, Guernica,
    por los pinceles de Pablo.
    La sangre gris en el lienzo
    clava su lanza y salpica.
    No hay un rojo más intenso
    que los grises del Guernica.

    Plomo, polvo, hambre, horca,
    almas cívicas y escuelas;
    pluma, sangre, panes, muelas,
    un fusil, García Lorca.
    Los cultivos de mazorca,
    las llanuras sin trincheras,
    los cuarteles, las afueras,
    la locura colectiva…
    Quien lo ha visto, quien lo viva,
    huye, pinta o vocifera.
    La sangre gris en el lienzo
    clava su lanza y salpica.
    No hay un rojo más intenso
    que los grises del Guernica.

    Seno, candil, voz, cometa
    todo en la guerra se ahoga
    y cuando asfixia la soga
    para en seco la veleta.
    Saltemos como un atleta
    en busca de brisa pura,
    dejemos que la sutura
    del miedo la cosa el arte.
    Sea el poema estandarte
    que avanza en la noche oscura.
    La sangre gris en el lienzo
    clava su lanza y salpica.
    No hay un rojo más intenso
    que los grises del Guernica.

    Toma esta flor obstinada
    que entre los escombros crece;
    que así como reaparece;
    como un candil, la alborada
    y en cada fe silenciada
    una campana repica,
    y aun por la grieta más chica
    la raíz derriba al muro.
    No hay verde con más futuro
    que los grises del Guernica.

    Décima 1: Juanlu Mora
    Décima 2: Mopo Meursault
    Décima 3: Marta Jiménez Serrano
    Décima 4 y estribillo: Andrés Romero

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