Marisa Ferrari entrevista Marcos Hummel

Quando fui chamada para apresentar o Jornal da Band já sabia que dividiria a bancada com Marcos Hummel. Mas a ficha só caiu mesmo depois que uma amiga comentou toda emocionada: “Você já se deu conta de quem você está ao lado?! Sim! Era ele, o dono de uma das vozes mais icônicas da televisão brasileira. Aquela figura que crescemos vendo na telinha, acompanhando e sendo fã do trabalho. Um dos mais reconhecidos apresentadores da televisão brasileira. Atualmente no comando do programa Câmera Record. Mas isso todo mundo já sabe, né?

No bate-papo a seguir vamos conhecer um pouco mais da pessoa, do jovem goiano que conquistou o respeito e a admiração dos telespectadores ao longo desses mais de 40 anos de carreira.

Ferrari: Qual pergunta você sempre quis responder em uma entrevista, mas não foi feita?

Hummel: Acho que já me perguntaram tudo. Mas há muitas que eu não gostaria de responder. Não direi aqui.

 

Ferrari: Qual seria o seu “lado B”?

Hummel: Eu sonhei, desde menino, ser um artista plástico.

 

Ferrari: Seu começo de carreira tem uma história bem pitoresca. Conte um pouco como foi esse início.

Hummel: Desempregado, fui pedir emprego em uma agência de propaganda. A poucos meses de completar 28 anos. O meu amigo, dono da agência, já havia dito que eu tinha uma boa voz e aparência que encaixavam numa possibilidade de trabalhar em TV. Não estava levando isto em consideração. Julgava que por gostar de desenho, poderia trabalhar no departamento artístico da empresa. Quando me recebeu, apresentou-me uma pessoa que trabalhava na Globo. Marcaram um teste, me aceitaram e já se vão 42 anos.

Ferrari: Como foi a sua infância?

Hummel: Sou de uma família bem numerosa.  Somos quatro irmãos. Três homens e uma mulher. Os três fizeram advocacia. Eu, nada. Minha mãe era professora; tinha dez irmãos – oito mulheres – ainda vive, perto dos 98 anos. O único sonho era relativo às artes plásticas. Meu pai tinha um Cartório (do crime. Acho que isto não existe mais.) e desejava que eu fizesse direito também. Consegui desagradá-lo muito. Eu deixei que a vida me encaminhasse.

 

Ferrari: Seu melhor papel?

Hummel: Penso que meu melhor papel foi de cidadão, tentando passar um bom exemplo de filho, irmão, amigo, profissional. Espero ter conseguido.

 

Ferrari: Um ídolo, um medo, uma decepção, um sonho, um orgulho.

Hummel: Nunca tive ídolos; sempre aceitei a ideia de que todos somos atores, desempenhando nossos papéis, numa jornada de busca de conhecimento e de aperfeiçoamento espiritual. Respeito às pessoas que fizeram a diferença, mas só. Não tenho medo, mas receio de decepcionar as pessoas que acreditaram em mim. Meu grande sonho foi constituir família. Sempre quis ter uma filha. Minha mulher foi meu grande suporte. Minha filha é meu maior orgulho. Meus pais também. Meus irmãos também.

Ferrari: Pior gafe, pior defeito. Melhor qualidade.

Hummel: Apaguei as gafes, junto com muitas coisas irrelevantes. Ninguém tem defeito, em minha opinião. Somos projetos em andamento. Tropeçamos, caímos, levantamos e vamos em frente. A minha melhor qualidade é a vontade de acertar.
Ferrari: O que deixa você feliz? E infeliz?

Hummel: Fico feliz de ter saúde e disposição de trabalhar. Feliz por poder me divertir, também. Fico irritado com coisas que julgo erradas, irritação que apago rapidamente.

 

Ferrari: O que a vida já ensinou, o que ela deu? Foi generosa?

Hummel: Não acredito nisto; acho que somos agraciados com talentos que devemos aproveitar e fazer o melhor com eles. A generosidade, penso, é um presente que recebemos e passamos à frente. Deus é generoso e nos dá aqueles talentos. Muitos não acreditam Nele, mas Ele acredita em todos.

 

Ferrari: O que mais gosta de fazer quando não está trabalhando?

Hummel: Leio, ouço música (clássica, sempre), jogo Poker uma vez por semana com amigos, gosto de um bom charuto cubano, vinho e, às vezes de não fazer nada, contemplar a natureza e conversar com pessoas que tenham mais bagagem do que eu.

 

Ferrari: Como é o Marcos marido, pai?

Hummel: Por favor, pergunte a elas. Rsrs. Mas procuro ser bom.

 

Ferrari: Quais as maiores emoções e desafios na carreira?

Hummel: Foram tantas emoções (rsrs).  A estreia na TV foi uma delas. No começo tudo me pareceu um grande desafio. Achava muito difícil tudo. Eu era muito tímido. Tinha medo de abrir a boca. Não sei se superei. O carinho dos telespectadores, também. Mas, o nascimento de minha filha superou tudo.

Ferrari: O que gosta de ver na TV hoje?

Hummel: Atualmente gosto de assistir a séries. Evito noticiário. Há muita poluição emocional. Perto dos setenta anos, tendo começado a trabalhar com onze apenas, quero me divertir. Muitos não concordarão, mas acho que fiz muito.

 

Ferrari: Como é a sua relação com a tecnologia? Como lida com as redes sociais e o excesso de exposição?

Hummel: Somos obrigados a nos envolver com a tecnologia. Ela está criando uma verdadeira escravidão. Uso as redes sociais moderadamente. Não quero me perder nelas.

 

Ferrari: A revolução da informação, da comunicação, do jornalismo. O que pensa sobre o futuro da profissão?

Hummel: É muito difícil falar sobre o jornalismo. Eu estou jornalista; não me formei. Tudo que acho que sei aprendi nas Tvs em que trabalhei. Não tenho o futuro como uma coisa importante na minha vida, mas acredito que a tecnologia vai transformar todo mundo em jornalista. É muito fácil gravar qualquer coisa; reportar um fato, um acontecimento a partir de um telefone celular. Como só se vive no presente, deixo que o futuro cuide de suas próprias preocupações.

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