Paty Moraes: A dor e a delícia do home office

Estava acostumada a passar, diariamente, oito horas dormindo, dez horas trabalhando e o resto fazendo malabarismos para estar com minha família, amigos e fazer todas as coisas que precisava. Para Maria Helena, minha filha, mamãe era um ser presente no café da manhã, no jantar e nos finais de semana que não estava de plantão na redação.

Há alguns meses, experimento o home office e cada dia é uma descoberta nova sobre ser empregado de si mesma e trabalhar “em casa”. Uso aspas porque, com o celular, também trabalho na padaria, na piscina e até no carro enquanto aguardo minha filha sair da escola. É uma vida bem livre.

A liberdade está em poder observar o mundo do lado de fora de um escritório, conviver com as pessoas que eu gosto para as quais antes não tinha tempo, almoçar direito e voltar a frequentar a academia. De segunda a sexta, passo as manhãs e as tardes fazendo meu próprio horário de trabalho.

Para mim, parece o “emprego” dos sonhos! Para minha Maria Helena, não tem sido tão incrível assim.

Tente fazer sua família entender que você está em casa, mas, naquele momento, não está disponível. Fica ainda mais complicado explicar que estou nas redes sociais, mas não estou ociosa… é trabalho também!

Aos 12 anos, uma das coisas que  mais gosta é conversar, contar como foi o dia e me atualizar dos paqueras. Não é fácil explicar, no meio do assunto mais importante da vida dela naquele dia, que mamãe está trabalhando. “Mas você não sai do celular”, ouço. “Sim, porque trabalho pelo celular também”, respondo. “Mas você está no Facebook e não pode me escutar só um minutinho?”, ela reclama. “Agora, não, filha. O Facebook também é uma parte do trabalho”, explico.

Assim como a maternidade, o home office também tem sua dor e sua delícia, mas acho que as coisas vão se encaixando naturalmente com o tempo. E também não me vejo nessa rotina pelo resto da vida porque gosto muito do ambiente de trabalho, daquela troca de experiências que acontece com os colegas e tudo mais. Por enquanto, a solução foi ceder um pouco e fazer uma pausa de uma hora assim que ela chega da escola. A gente conversa ou come alguma coisa, nada ou faz alguma atividade e, quando a pausa acaba, volto ao computador. Ela também não me quer por muito tempo, já percebi… É só eu virar as costas que ela pega os patins, arruma um amigo do prédio para brincar ou um livro para ler.

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