Renata Figueira de Mello estreia coluna Elas.com

O Universo Feminino definitivamente não é só feito de receitas, de dicas de beleza, de moda, de filhos e academia, do que mais nos irrita NELES, de empoderamento (que por sinal já virou meme) e crises pessoais. É também feito disso, é claro, mas de um olhar diferente sobre o mundo que não para de evoluir e exigir cada vez mais flexibilidade desta mulher que somos hoje.

A mulher foi ganhando espaços no mundo que já foi essencialmente masculino, foi mostrando sua capacidade em diversas áreas e descobriu que o machismo que a vitimizou por séculos, foi também alimentado por ELAS (ou seja, nós próprias, em versões anteriores) que criavam filhos e filhas de maneira tão diferente, com cuidados e ensinamentos que “apartavam” os meninos das meninas.

Calma lá que esta coluna não vai falar sobre feminismo clássico. ELAS.COM nasceu da ideia de comemorar talvez a nossa conquista mais importante: o direito de pensar, de ter opinião própria, de expressá-la sem medo, porque quanto menos a gente “julga” e aceita opiniões diversas, mais a gente é aceita, como é. Com o direito inclusive de errar e se retratar. Ou continuar errando, até acertar.

Sou jornalista das antigas e comecei pelo lugar errado, muitos podem pensar. Pelo esporte. Nos anos 80, mulheres no esporte ou eram atletas, ou eram as mocinhas que carregavam troféus e medalhas para serem entregues (por dirigentes homens) nas cerimônias de premiação (risos). Eu carregava o microfone e não economizava nas perguntas.

Minha primeira matéria assinada no extinto Jornal da Tarde, do grupo Estadão, foi uma luta do Maguila pelo título sul-americano dos pesos pesados, acreditam? Eu nunca tinha visto um ringue de boxe pessoalmente, mas meti as caras. Cobri muito treino de futebol, fui repórter de campo e fiz parte do primeiro (e pequeno) grupo de mulheres a participar das transmissões de uma Copa do Mundo, no México, em 86.

Em 89 eu já era apresentadora e o mundo esportivo ainda era meu assunto principal. Como uma das pioneiras na área, tive o privilégio de entrevistar e conviver com os grandes expoentes do esporte dos anos 90, de Pelé a Ayrton Senna, de Paula e Hortência às gerações de prata e ouro do vôlei nacional. Minha cara de pau abriu frentes para muitas mulheres que passaram a participar do jornalismo esportivo, sem medo de serem questionadas. Vencido esse desafio, eu fui para a área de documentários, reportagens especiais e abri o leque para a arte, cultura e finalmente o mundo digital.

Então tenho lá uma bagagenzinha versátil e ampla pra poder afirmar que quase tudo cabe no Universo Feminino, porque somos nós que o criamos, cada vez mais aberto e antenado. E no ELAS.COM vamos abrir uma janela panorâmica para esse mundão que conquistamos todo o dia. Nossas neuras e desafios cotidianos, nossas paixões e nossas histórias, nossos gritos e desabafos nas redes sociais. E aí? Estão prontos para encarar? O convite é para todos. Porque ELES também são muito bem-vindos.

11 respostas

  1. Lendo sobre sua carreira cobrindo esportes, eu lembro bem nos dos anos 80, quando era criança, época que eu assistia os programas esportivos na TV dentre eles o Jornal dos Esportes da Gazeta, em que você apresentava junto com Cleber Machado e o Avallone e que depois foi incorporado no TV Mix. Um tempo depois eu lembro de você no É Hora de Esporte da TV Cultura na hora do almoço, se não me engano, ainda com José Goes, Wilson de Freitas e Dudu. Bons tempos.

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