Renata Figueira de Mello: Feminista X menino no balé?

Esta brincadeira com a meme do “diz que é de tal lugar, mas nunca fez algo que é típico de lá”, que invadiu as redes sociais, é uma reflexão minha mais profunda sobre o tema, lembrando que acabamos de comemorar o Dia Internacional da Mulher e ainda me surpreende tantas mulheres, mães, não se darem conta do papel fundamental que ela tem na mudança de uma sociedade mais justa e igualitária.

É em casa, desde bem pequenos, que os meninos começam a respeitar (ou não) as meninas e aprender que por elas serem, em geral, mais frágeis fisicamente, isso não significa que eles possam se impor a elas, seja com gestos ou palavras agressivas. E às mães, principalmente na primeira infância, cabe o papel essencial de criar homens cada vez mais sensíveis e mulheres cada vez mais independentes.

De nada adianta a mulher moderna replicar regras de empoderamento, mas criar os seus filhos como nossas avós faziam: meninos não podem chorar nem usar rosa; meninas devem ser sempre lindas e boas donas de casa. É na criação das crianças que se dá a verdadeira mudança de comportamento.

A violência contra a mulher, o assédio no trabalho, nos transportes, a pressuposição de que nós nunca seremos capazes de cumprir determinadas tarefas e portanto devemos receber menos… Tudo isso só será passado, quando desde pequenas as meninas confiem mais em si próprias, acreditem-se capazes de tudo e esqueçam o velho dito de que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Não devemos querer andar à frente, nem atrás, mas lado a lado.

O real feminismo evoluiu para a convivência respeitosa, para o companheirismo e para essa atenção especial na criação dos filhos: os novos homens e mulheres que não se submetem a qualquer situação que os limite ou diminua. Quanto mais amor, mais liberdade e mais bons exemplos vividos desde a infância mais tenra, mais o sentido de respeito ao outro será aflorado naturalmente.

O mesmo vale para os valores morais que só são absorvidos pelos pequenos quando a gente mostra que vive o que prega. Quem reclama da corrupção na política, tem que ser honesto no troco recebido a mais, na declaração do imposto de renda, no celular que você acha no banco da praça. Quem quer uma sociedade mais justa, precisa abrir mão do “levar vantagem em tudo”, bem em frente aos seus filhos sempre tão atentos, muito mais às ações, do que às palavras.

Então se você DIZ que luta por isso tudo, VIVA isso tudo e só assim estará criando a semente do respeito.

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