Renata Figueira: Onde a pressa vai nos levar?

Vai chegando o fim do ano e a gente muitas vezes se frustra em relação a planos que fez e não conseguiu cumprir, metas que deixou de atingir, lugares que gostaria de ter conhecido, mas a gente não foi… por pura falta de tempo. A sensação é que se o dia tivesse mais de 24 horas, quem sabe, a gente pudesse dar conta de fazer tudo o que é esperado de nós, e o que nos dá prazer.

Muitas vezes parece impossível executar todas as tarefas domésticas, trabalhar, cuidar das crianças, levar o cachorro pra passear, marcar e fazer aqueles exames que o médico pediu, cuidar bem da pele, dos cabelos, da alimentação saudável e ainda achar tempo para exercícios diários, aguar as plantas, ai… fazer as unhas, levar o carro pra lavar e mais aquela reunião, a visita prometida, o aniversário de um amigo; parece que os compromissos não param nunca! E a gente sempre com pressa, sempre atrasada, sempre sem tempo para coisas que também são fundamentais, tipo: parar para ouvir uma música, responder aquela carta ou email de uma amiga querida que mora longe, assistir aquele filme, fazer um bolo e servi-lo ainda quentinho…

A sociedade da pressa definitivamente parece nos engolir de tal forma que, muitas vezes, o estresse é inevitável. A gente culpa o dia curto, as multifunções, as demandas do trabalho e da família e se perde nessa correria que parece não ter fim.

Mas pode sim ter solução, viu? Antes que vire doença, hipertensão e problemas de saúde que a gente pode evitar, colocando algumas prioridades à frente e deixando para trás, sem culpas, o que é humanamente impossível de realizar.

A gente descobre o que é prioritário quando a urgência se coloca à nossa frente. Quando um grande amigo ou parente se acidenta, por exemplo, e você arruma aquele tempo que parecia não ter, para acompanhá-lo ao hospital. O resto fica secundário, até que você resolva aquela situação. Sabe o porquê? Porque a pressa muitas vezes nos cega para o que nos é realmente fundamental.

O tempo não é nosso senhor e pode ser nosso amigo se a gente aprender a parar, pular alguns compromissos, sentar na nossa poltrona favorita e respirar fundo. Agendas podem ajudar, é claro, a não esquecermos coisas que precisamos fazer, mas elas começam a ter espaço para o que nos dá prazer se a gente for capaz de repensar as prioridades.

Não é à toa que o movimento Slow Living (Viver devagar) ganhou tantos adeptos na última década. Trata-se de uma ideia muito saudável de não apenas “organizar sua correria”, mas livrar-se dela, administrando o SEU tempo a SEU favor. Comer mais devagar; chegar ao lugares onde precisa ir sem pressa (e de preferência apreciando a paisagem); trocar as selfies frenéticas por aquela foto no parque, em que você espera a luz do sol estar ideal; demorar-se na hidratação do seu corpo após o banho, como se fosse um carinho auto dedicado… Imagino que muitos lendo isso, dirão: – “Mas espera lá, sou ocupado(a), não tenho tempo pra isso!” E eu garanto que você se engana pensando assim. Você tem todo o tempo do mundo. E tem também a escolha de como usufruir dele.

Experimente ler “Slow- As Coisas boas levam tempo” de Raque Tavares. Dê um Google e você acha fácil. Ou pesquise no Google Movimento Slow e Slow Living. Pode ser um ponto de partida para você encarar o tempo, a pressa e o estresse, sob um novo ângulo. Desacelerar, para muitos, pode parecer ganhar menos, perder tempo, ser ultrapassada(o) por quem se planeja e corre mais rápido… Para alguns, pode até ser. Porque afinal, cada um tem o seu timing. Importante mesmo é descobrir o seu.

Quando for sentar naquela poltrona e respirar fundo, pense a respeito. Você pode descobrir que a felicidade tem muito a ver com isso: virar amiga(o) do tempo e usá-lo a seu favor.

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