Rosângela Andrioli: Michelangelo e seus talentos

Michelangelo Buonarroti nasceu em Caprese, uma pequena cidade, próxima a Arezzo na Toscana, em 1475. Teve uma vida longa. Morreu em sua casa romana, poucos dias antes de seu aniversário de 90 anos. Poderíamos considerá-lo um dos maiores artistas de todos os tempos.

Foi escultor, pintor, arquiteto e poeta. Entre suas obras mais famosas, destacam-se o David, e sua escultura de Moisés, a qual ele se sentiu tão realizado quando finalizou e achou a sua obra tão perfeita, que falou “Parla! Perché non parli? ”, pois para ele a estátua só faltava falar. O famosíssimo conjunto de afrescos, chamado de Giudizio Universale, na Cappella Sistina, dentro do Vaticano, também se destaca, entre outras obras maravilhosas do artista.

 

Michelangelo Buonarroti (1475–1564) por Daniele da Volterra

 

Michelangelo era filho de um funcionário público, de uma família pertencente ao patriciado fiorentino. Quando nasceu, sua família passava por uma difícil situação financeira, então foi confiado aos cuidados de uma ama, que era filha de um artesão que esculpia pedras. Assim, Michelangelo descobriu seus talentos, embora o pai desejasse que ele seguisse carreira militar ou eclesiástica. O grande artista tornou-se conhecido não apenas pelo seu talento, mas também pelo seu gênio. Era considerado sensível, facilmente irritável e sempre insatisfeito.

Na juventude, ridicularizou uma escultura do colega Pietro Torrigiano ou Torrigiani (1472-1528) e recebeu deste um soco que lhe desfigurou o nariz. “A pequena deformação lhe parecerá daí por diante um estigma (…), uma mutilação ainda mais dolorosa para quem, como ele, era um sofisticado esteta que considerava a beleza do corpo uma legítima encarnação divina na forma passageira do ser humano”, diz o autor do fascículo 17, sobre ele, da Coleção Gênios da Pintura (Abril Cultural, 1967).

Uma das histórias mais famosas sobre seu gênio tempestuoso, data de 1540, quando, durante seus trabalhos na Cappella Sistina, o Papa Paolo III Farnese, e alguns importantes bispos e cardeais, visitavam o local.

Biagio de Cesena, um cardeal importante deste período, começou a admirar o trabalho do artista, assim como todos os presentes.

De repente Biagio, vermelho de raiva, começou a gritar que, nos afrescos, estavam todos nus. Não satisfeito com o escândalo, continuou afirmando em voz alta, que aquelas pinturas deveriam estar em um banheiro ou em um restaurante! O cardeal saiu da capela sem cumprimentar ninguém, esbravejando!

O Papa, percebendo o mal-estar gerado pela situação, tentou acalmar Michelangelo, explicando que o cardeal era muito conservador, mas era uma boa pessoa. Elogiou o afresco e reforçou que o importante era que o trabalho fosse terminado logo. O projeto começou em 1508 e foi concluído em 1512.

Dizem que o artista respondeu que estava tudo bem, que aquilo não era um problema, pois não havia dado importância aos comentários e críticas do cardeal.

Após a saída do Papa, Michelangelo pegou o pincel e muito rapidamente, pintou Minosse, o demônio que ficava na entrada do Inferno, com uma grande serpente mordendo seu corpo. No lugar do rosto de Minosse, estava, por coincidência, o rosto do cardeal Biagio da Cesena.

 

 

Este detalhe do belíssimo afresco da Capella Sistina tem controvérsias, pois alguns pesquisadores acreditam que Michelangelo quis pintar um cérebro no lugar de Deus, ali à direita. Muitos estudos sobre a anatomia do corpo humano estavam sendo feitos esta época, por vários artistas…. Então tem gente que acredita nessa possibilidade.

 

O primeiro menu rabiscado por Michelangelo

 

Uma outra curiosidade sobre o grande artista que muitos desconhecem, foi uma lista de comidas e bebidas, acompanhadas de suas respectivas ilustrações, feita em papel com lápis carvão. A lista intriga os estudiosos da gastronomia que visitam a Casa Buonarotti, misto de museu e monumento dedicado à Michelangelo, situada em Firenze.

Supõe-se tratar de um elenco de pratos levado por um ajudante analfabeto à taverna para buscar a comida do mestre. Hoje, acredita-se que Michelangelo o enviou à sua cozinheira, indicando os pratos e bebidas que desejava saborear no dia.

Desse modo, teria produzido o primeiro menu conhecido do mundo. Curiosamente, as enciclopédias de gastronomia o ignoram. A palavra menu é francesa. Compreende os pratos que vão ou podem ser servidos à mesa. Se pertencer a um restaurante, o preço deve aparecer junto ao nome dos pratos. Além disso, eles precisam estar na ordem de serviço. Muitos restaurantes populares, que recebem turistas estrangeiros, ainda incluem a foto do prato. É para facilitar a compreensão da clientela. Nesse sentido, imitam Michelangelo…

 

Na semana que vem volto com muito mais curiosidades da Itália! Até lá!

 

 

Bibliografia:

https://indexadora.wordpress.com/2015/10/26/oficina-de-introducao-a-historia-da-arte-30211-2-de-4/

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,michelangelo-desenhou-o-pai-de-todos-os-menus,4457

3 respostas

  1. Michelangelo, além do que já mencionado, foi filósofo, matemático, engenheiro, fez protótipos de máquinas usadas até hoje (helicóptero, tanque de guerra, elevador, etc.), enfim um gênio. Prova da força e da cultura do povo italiano. Parabéns por homenagear esse ícone da sociedade.

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