Valéria Gimenes: Abstinência sexual entre jovens

Abstinência sexual entre os jovens: será que é possível e eficaz?

Não se fala em outra coisa, na televisão e na internet, desse segunda feira dia 3 de janeiro de 2020, em que a ministra da Mulher da Família e dos Direitos Humanos, lança uma campanha nacional, com a hashtag “Tudo tem seu tempo” no intuito de convencer aos jovens recorrerem a abstinência sexual, como sendo uma via para a diminuição da gravidez precoce e das doenças sexualmente transmissíveis.

A mirabolante ideia diz pautar-se em pesquisas sobre países que adotam tal prática (ou falta dela no caso) como Uganda, Chile e Estados Unidos, no entanto é sábio que Brasil não compara-se a nenhum outro país e já temos dados oficiais que demonstram que tais pesquisas não demostram políticas de abstinência sexual contribuam para a diminuição da taxa de gravides entre os jovens e nem são eficazes contra as ISTs.

Necessariamente trata-se da tentativa de um retrocesso em relação ao universo do sexo. Em pleno século XXI não temos ainda políticas públicas que garantam a educação sexual nas escolas. Os jovens estão cada vez mais vulneráveis por falta de educação básica. Eles não sabem o que ocorrem com seus próprios corpos. Geralmente recorrem a orientações distorcidas, que são oferecidas aos montes no seio da internet e de todas as suas interfaces.

A partir do momento em que os jovens souberem do seu próprio corpo, eles terão o domínio sobre o que fazem ou não com ele. Aí estaremos falando em cidadania. Podermos escolher sobre o que queremos e devemos e arcar com as consequências de tais atos.

Sabemos que algumas religiões pregam a abstinência sexual aos jovens antes da aquisição do matrimônio, no entanto, como Educadora Sexual, noto que há mais educação sexual sendo oferecida dentro das igrejas, o que fora delas. Nesse sentido, torna-se válido, uma vez que se há consciência dos atos e suas atribuições, a tomada de decisão justifica-se. Mas somente nesses casos e ainda assim, não há registros de pleno sucesso nessa prática.

Eu gostaria muito de saber sua opinião a respeito dessa temática, para que juntos possamos redigir a realidade e as adversidades geradas por ela. Como você entende essas campanhas que são voltadas mais a ditar regras de comportamento, do que educar a respeito deles?

Terei imenso prazer em conversar com você. Te espero!!!

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