César Romão: A perfeição requer abandono de hábitos

perfeição

Às vezes queremos seguir por alguns caminhos que habitam nossos repentes de lucidez e pensamos ser fácil, mas percebemos que não é tão simples assim romper com nossas raízes que nos mantêm exatamente onde estamos.

 

Um jovem agradecido pelos ensinamentos de Jesus queria segui-lo assim como ao seu ministério, mas ouve do mestre: “se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, e segue-me”. Mas o jovem retirou-se e ficou tudo que tinha.

 

Escolher o que já temos é sempre mais fácil, pois não requer partir para o desconhecido, não requer arriscar o que já conseguimos então se decide ficar com o que se tem e onde se está. O novo e o desconhecido nos atraem, mas não nos desperta coragem para vivencia-lo, poucos o fazem e assim conseguem descobrir o que existe além das fronteiras que nossos olhos não veem.

 

Ser perfeito nesta passagem talvez signifique ser alguém com fé no inimaginável, alguém capaz de deixar para traz não sua riqueza material, mas a maior bagagem que uma pessoa pode carregar: o seu orgulho. Eis um companheiro de viagem que nos afasta das oportunidades da “perfeição”. Talvez a perfeição seja uma trajetória sem fim, a qual nos ensina muito mais pelo caminho do que pelo destino. Muitas vezes nosso real destino pode estar justamente no caminho que evitamos.

 

Hábitos como o orgulho alimentam-se de nossa insegurança em nos proteger de algo que não aconteceu e poderá não acontecer, nos faz uma pessoa superior sem sermos, nos faz acreditar em um mundo que habita somente nosso pensamento.

 

Não é fácil deixar de ser a pessoa que os fatos da vida elaboraram e fugir das armadilhas que nos condenam a continuar com nossos erros e abraçar nossos falsos anseios e conceitos, mas é necessário se realmente queremos trilhar pela sombra da sabedoria, da justiça e da felicidade. O tesouro no céu que teremos talvez seja chegar lá isentos destes hábitos ilusionistas.

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