Há dois anos atrás, uma pequena gema do suspense (ou horror se preferirem), aportou nos cinemas de todo o mundo e tomou tudo e todos de assalto. O filme era Corra! (Get Out), produção que ajudou o gênero a superar as barreiras do preconceito por parte do público e que acabou indicado ao Oscar de Melhor Filme no ano seguinte, e acabou levando o de Melhor Roteiro Original. Grande parte do sucesso estrondoso de Corra! deve-se à sagacidade de seu realizador, o diretor e roteirista Jordan Peele, que inacreditavelmente até então, trazia no currículo apenas produções cômicas, a maioria delas produzidas ao lado do parceiro Keegan Michael-Key.
Peele foi tão feliz em sua inacreditável mistura de suspense, humor e crítica social, que seu nome instantaneamente pulou para o topo da lista dos nomes mais promissores de Hollywood, a ponto de Peele se tornar o novo responsável pela recriação do antigo e amado seriado Além da Imaginação (The Twilight Zone), cuja estreia está programada para o próximo mês de abril. Mas independente de minha ansiedade com relação ao novo Twilight Zone, assim como eu, os fãs do horror aguardavam também ansiosos pelo que exatamente viria a ser o novo projeto cinematográfico de Peele, algo que se materializou com este Nós (Us, EUA, 2019), filme que desde o primeiro trailer já colocou a comunidade dos fãs do horror em polvorosa. A excelente notícia é que Nós vem para comprovar que Corra! não foi um golpe de sorte. Na verdade, me atrevo a afirmar que Peele é o novo mestre do horror e do suspense em Hollywood.
Gabe (Winston Duke, de Pantera Negra) e Adelaide Wilson (Lupita Nyong’o, de 12 Anos de Escravidão), estão a caminho de sua casa no lago para mais um retiro em família. A filha do casal, Zora (Shahadi Wright Joseph), passa horas no celular, enquanto que o filho, Jason (Evan Alex), gosta de mágicas e passa um bom tempo praticando novos truques. Depois de um dia aproveitando o sol e o lago, a família Wilson retorna à casa para recarregar as energias para o dia seguinte, e é aí que a loucura começa a correr solta.
Em um dado momento da agradável noite, Jason percebe a presença do que parece ser uma família do lado de fora da casa. Entretanto, não se trata de qualquer família: Parado do lado de fora está um grupo de doppelgängers (que conforme a lenda germânica na qual é baseado, é o nome dado à um monstro ou ser fantástico que tem o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa que ele escolhe ou que passa a acompanhar, o que hipoteticamente pode significar que cada pessoa tem o seu próprio. Também são conhecidos como duplo-eu ou sósia), que ameaça arrombar a porta e colocar as vidas dos Wilson em perigo. E isso é só o começo…
De maneira notável, Peele dirige cada uma das arrepiantes sequências do filme com tensão à flor da pele, uma vez que seu olhar sobre o tema da invasão de domicílio não é nada menos que diabólico. Quando os duplos da familia Wilson decidem atacar, Peele faz com que a sensação de perigo seja palpável, e o diretor retrata estes doppelgängers vestidos com um macacão vermelho como assustadores ladrões de identidade que agem através da violência e da confissão. Nós cria monstros à partir de pessoas comuns, dando um novo propósito para a imprevisibilidade humana que serve como combustível para o terror absoluto, que se manifesta em sua totalidade quando Duke, Nyong’o, e todo o elenco encaram suas próprias faces nos demônios que invadiram sua casa.
A narrativa de Nós é bastante ambiciosa, o que funciona a favor mas também contra o filme. Peele ataca em todas as frentes: movimentos políticos/sociais, clones malignos, labirintos e túneis subterrâneos, que expandem o simples horror e o transformam em uma alegoria sobre classicismo e privilégio, o que acaba diminuindo um pouco o fortíssimo impacto inicial da produção. E exatamente como fez em Corra!, Peele mergulha seu filme na sátira social, discorrendo sobre as diferenças gritantes entre as classes sociais. Resumindo: Nós assusta e diverte em iguais proporções.
De qualquer forma, qualquer queixa que eu possa ter sobre o filme, desaparece completamente quando penso sobre o trabalho soberbo da dupla central, especialmente a vencedora do Oscar Lupita Nyong’o. Seu trabalho em Nós é o equivalente ao trabalho primoroso de Toni Collette no horror-hit do ano passado, Hereditário (Hereditary, cuja crítica também está disponível aqui no Portal do Andreoli). Todas as performances do filme são do mais alto nível. Os coadjuvantes Tim Heidecker (Homem-Formiga e a Vespa) e a bela Elisabeth Moss (das séries Mad Men e The Handmaid’s Tale), mesmo com pouco tempo em cena, mostram sua qualidade e bem que mereciam aparecer mais, principalmente pelo fato de que seus personagens funcionam como um transmissor para o tema da disparidade racial e econômica que permeia a narrativa.
O excelente elenco tem a oportunidade de interpretar não só suas versões boazinhas como também suas versões homicidas alternativas que aparecem sem serem anunciadas. Tanto a figura alternativa de Nyong’o, que usa como arma de ataque um par de tesouras bem afiado, como o bruto doppelgänger de Winston Duke que mais parece um trator humano, são de arrepiar a medula do espectador, assim como os duplos das crianças, sinistros ao extremo.
Nós é um impressionante e incrivelmente bem concebido segundo filme do agora mestre do horror Jordan Peele. Trata-se de um filme feito para dizimar as barreiras do gênero e dividir opiniões. Sua natureza pode até ser propositalmente vaga, mas a produção traz uma coleção de imagens que já entram na galeria das mais marcantes da história do cinema de horror. Imagens que vão assombrar meus pesadelos pelos próximos dias e meses. Além de tudo isso, é um filme inquisitivo, que com certeza será responsável por criar fervorosas discussões entre cinéfilos e fãs do gênero. Peele vive, respira e incorpora as melhores pulsações existentes hoje no horror moderno, e seu Nós é uma obra volátil, feroz e perversa, que expressa o terror no mais alto dos decibéis. Meu Deus, imaginem o que esse homem fará a seguir… eu mal posso esperar.
Nós estreia nos cinemas brasileiros no dia 21 de Março.
Respostas de 5
Bom dia,
O meu nome é Alexander Tremura, estou a contactá-lo em nome da yesirads(dot)com com o intuito de estabelecer uma parceria publicitária.
O nosso objetivo é colocar uma publicidade no vosso website.
Método de negócio: CPM (custo por 1000 impressões) ou valor fixo mensal, dependendo da sua preferência.
Pagamento: Pré-pagamento – Sem qualquer risco para si.
Métodos de pagamento: Paypal, Wire Transfer, Skrill
Produto: Sports Betting / Sportsbook
Estatísticas: Estatísticas em tempo real e totalmente assertivas.
Estamos sempre receptivos a sugestões com o objectivo de conseguir um bom negócio para ambas as partes.
Atenciosamente, aguardo o seu contacto.
Perfeita narrativa Edu! Não vejo a hora de assisti-lo!
Obrigado pela confiança, Regiane!
Volte sempre ao Portal do Andreoli.
O final deu a parecer que eles eram os clones, pelo sorriso dela apa o filo,estou certo?
Que filme mais sem pé nem cabeça, péssimo trabalho de roteiro. Isso de deixar o público interpretar a história é muito trabalho de preguiçoso, não recomendo.