Jogo de 180 minutos

Essa é a impressão que se tem na maioria dos jogos de futebol no Brasil. É tão lento, tão faltoso, tão errático, que os 90 minutos de uma partida parecem demorar o dobro do tempo. Quem sabe o mundo globalizado mude essa situação.

No início do século 20 – época onde nem se imaginava internet – Facebook, Twitter, WhatsApp, Instagram, ferramentas que tornam praticamente instantânea a comunicação entre pessoas de todas as partes do mundo… Tempo sem ipad, tablet. Sem 4G, 5G, 6G…

Anos em que Android era um homem cibernético de seriados futuristas da televisão. Fase em que o rádio era o principal meio de comunicação que fazia a massa delirar nos jogos, só imaginando os lances a partir da narração.

Foi nesse período, que o futebol brasileiro se tornou referência mundial de excelência. Escola que universalizou o drible, a tabelinha, o improviso… Fonte de inspiração que conquistou vitórias, títulos, admiradores e influenciou artistas da bola no mundo todo.

Hoje em dia, em plena era da globalização, nosso futebol não é mais referência. A gente vê cada vez mais crianças brasileiras com camisas do Barcelona, do Real Madrid, do Bayern de Munique, da Juventus. Ouvimos deles o desejo de ser Messi, Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic. Felizmente ainda temos o Neymar como ídolo da garotada.

Sem considerar questões políticas, econômicas e sociais – que são importantes em qualquer atividade humana, mas nunca foram preocupações relevantes por aqui – o futebol brasileiro sucumbiu também na qualidade.

Desde o fim da era Garrincha e Pelé – com algumas exceções, claro – o Brasil volta os olhos para a Europa na tentativa de buscar as soluções dos problemas que temos em campo. E os avanços tecnológicos foram tornando essa tarefa mais fácil.

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Os 7 a 1 que a Alemanha impôs sobre a nossa Seleção, em pleno Mineirão, na semifinal da Copa disputada dentro de casa, em 2014, estabeleceu um novo paradigma que jogadores e técnicos brasileiros estão perseguindo: o do futebol total.

Tática que o carrossel holandês já havia apresentado ao mundo na Copa de 74, disputada na Alemanha. Os alemães venceram aquele mundial, mas o mundo ficou encantado com a proposta de jogo do técnico holandês Rinus Michels, de lógica elementar: Todos atacam e todos defendem. Coisa de pelada no fim de semana, não é mesmo?

Pois essa é a “nova” organização tática que estamos importando da Europa. Marcação alta, começando pelos atacantes, pressionando a saída de bola do adversário. Linhas compactas, para diminuir espaços de criação. E velocidade.

Apesar de todos os dispositivos tecnológicos disponíveis, o Brasil ainda não conseguiu entender o que é preciso fazer para executar direito essa proposta de jogo.

Nossos times não mostram capacidade física para manter a eficiência da marcação alta. Normalmente é frouxa e, portanto, cheia de “buracos”. O jeitinho brasileiro é fazer faltas. São dezenas em cada partida, prejudicando a dinâmica do jogo.

Os atletas também não parecem ter muita disposição para fazer jornada dupla: marcar e atacar. E aí desvirtuam o conceito de posse de bola. Tentam ficar com ela muito tempo. Normalmente, só tocando de lado ou para trás. Bem devagar. Velocidade é dar um bicão para frente para ver se o atacante ganha na corrida do zagueiro adversário.

A parte técnica também representa um difícil desafio. Quantas e quantas vezes não ouvimos: “Criamos, mas falhamos na hora de concluir”… “Só faltou a bola entrar”… Como se fosse responsabilidade da bola ir para dentro do gol. “Erramos no último passe”… Quer dizer, o jogador se torna profissional, sem saber chutar e passar. Além da capacidade duvidosa de entender o que o técnico pede.

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Quem sabe o mundo globalizado pode ajudar a resolver esses problemas. Mas, por enquanto, a globalização é parte dele.

Transmissão de jogos ao vivo de qualquer parte do mundo tem colocado nosso futebol em xeque, na medida em que comparamos a qualidade dos espetáculos.

E na comparação somos obrigados a ouvir e concordar que hoje em dia, no Brasil, se pratica algo parecido com futebol. Mas não é futebol.

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