O ex-juiz Moro e os Procuradores que integram a chamada “força tarefa” da operação Lava Jato, criaram um grupo para comunicação instantânea através do aplicativo Telegram.
No mundo digital que vivemos atualmente, nada é mais valioso que a “informação”.
Este artigo não tem como finalidade discutir o conteúdo das conversas que foram surrupiadas por criminoso cibernético. A intenção é mostrar a falta de preocupação dos envolvidos, pessoas que detém altos cargos na República, quanto a segurança na troca de mensagens, particularmente essas, cujo conteúdo altamente relevante versa sobre a apuração de graves crimes, tendo como alvos personalidades poderosas do meio político e empresarial.
Nesse espectro, os integrantes da Lava Jato, citados pelo site “The Intercept Brasil”, foram amadores.
Dedicados com as investigações e os processos criminais, esqueceram de zelar pela segurança de suas próprias comunicações, fato que, em última instância, pode afetar assuntos públicos importantíssimos e até vitais para o rumo da nação.
Com a criação da internet, a rede mundial de computadores, o papel dos profissionais ligados à segurança das informações ganhou relevância no sentido de garantir:
1) Confidencialidade, ou seja, o acesso às informações deve ser restrito aos interessados
2) Integridade na troca de informações para que seja mantida sua integralidade, autenticidade e consistência.
3) Uso legítimo, pois as mensagens só devem ser acessadas por pessoas autorizadas.
A proteção das informações que transacionam nos meios digitais deve ter como princípio basilar a “prevenção” e a “proatividade”, ou seja, tomar atitudes de segurança digital antes de acontecer o pior, que no caso em tela, foi o vazamento de mensagens que deveriam ser confidenciais e que se tornaram públicas.
É óbvio que jamais teremos 100% de segurança, mas devemos usar todos os meios de defesa possíveis para minimizar ao máximo o risco.
O App Telegram informou que caso o celular de um usuário esteja infectado por malware (trata-se de um software destinado a se infiltrar em um computador alheio de forma ilícita, com o intuito de causar algum dano ou roubo de informações) as mensagens, fotos e vídeos podem ser surrupiadas.
O Telegram possui também a possibilidade do chamado “Chat Secreto”, que é uma função destinada para conversas sigilosas e de alta relevância. Nesse formato, os usuários ganham em segurança, pois têm mais ferramentas para garantir privacidade, como a criptografia de ponta-a-ponta, considerada a mais eficiente para proteger informações no celular. O histórico também não fica armazenado na nuvem e assim não pode ser recuperado em outro lugar.
Provavelmente, os integrantes da Lava Jato que tiveram suas mensagens vazadas não sabiam desse recurso que evita o acesso à informações pela nuvem. Portando, acredito que usaram o recurso mais simples oferecido pelo Telegram e assim deixaram uma porta aberta para ingresso de criminoso digital.
Já o App WhatsApp armazena todas as mensagens trocadas apenas em um telefone e não permite que os outros aparelhos sejam ativados com o mesmo número.
O Telegram é uma troca de mensagens em nuvem, com exceção do recurso chamado “chat secreto”, provavelmente desconhecido por Moro, Dallagnol e outros Procuradores da República.
Podemos fazer uma analogia com o crime de invasão de domicílio. O bandido digital que forneceu esses dados confidenciais aos responsáveis pelo site Intercept Brasil, invadiu uma casa com muros baixos, sem cerca elétrica e a fechadura do portão era comum e poderia ser facilmente aberta através de simples chave micha. E para complicar, todos os dados estavam guardados em uma gaveta de escrivaninha entreaberta.