Recentemente, numa festa de aniversário, surgiu debate sobre posse de arma de fogo em casa. Um dos convidados disse que estava pensando seriamente em adquirir revólver para proteção da sua família. Não perdi a oportunidade e fiz algumas perguntas:
Quem reside na sua residência?
“Minha esposa e dois filhos homens, sendo um com 9 anos e outro com 12”.
Tem alguém que trabalha na sua casa?
“Sim, temos uma empregada doméstica que trabalha de segunda a sexta”.
Sua colaboradora do lar costuma levar alguém na sua residência?
“Sim, eventualmente ela leva dois filhos que têm praticamente a mesma idade dos meus”
Amiguinhos de seus filhos frequentam seu lar?
“Sim, é bastante comum reunir várias crianças em casa”.
Podemos então dizer que sua residência é bastante movimentada?
“Com absoluta certeza”.
Você e sua esposa estão sempre presentes?
“Não, pois trabalhamos, passamos a maior parte do dia fora de casa”.
Os demais convidados já se mostravam curiosos com tantas indagações e deixei por último a principal dúvida:
“Se realmente comprar arma de fogo, já pensou onde irá guardá-la?”
As pessoas ficaram em silêncio, todos queriam ouvir a resposta do pai de família.
Ele ficou pensando, pensando…
Restou claro para todos que ele não conseguia determinar algum lugar absolutamente seguro na residência para esconder a arma.
Um amigo se intrometeu na conversa e palpitou:
“O decreto do Bolsonaro prevê que quem comprar arma de fogo vai ter também que adquirir cofre”.
Expliquei a todos que o comentário era verdadeiro, pois o decreto presidencial prevê que quem quiser ter arma de fogo em casa precisará obedecer à seguinte exigência:
“Comprovar existência de cofre ou local seguro para armazenamento, em casas nas quais morem crianças, adolescentes ou pessoa com deficiência mental”.
Nessa esteira de raciocínio, continuei as perguntas:
Teria na sua residência algum lugar considerado extremamente seguro para deixar a arma a ser adquirida?
“Não consigo vislumbrar nenhum lugar que meus filhos não pudessem achá-lo. Eles são sapecas, mexem em tudo”.
O que você achou da opção de adquirir um cofre para armazenar a arma?
“Mas Lordello, qual o preço de um cofre residencial?”
Peguei o smartphone e mostrei algumas opções de cofres em torno de R$ 500 a R$ 1 mil. As pessoas ao redor tiveram curiosidade de ver as imagens, e uma moça fez o seguinte comentário:
“Lordello, esse cofres têm fechadura eletrônica igual aos de quartos de hotel. São abertos através de senha a ser digitada no teclado. Poxa, isso é inseguro, os filhos vão acabar vendo alguém digitar a senha e por curiosidade vão abrir na ausência dos pais para ver o que tem dentro”.
Praticamente todos os presentes concordaram com tal alegação, mas ainda fiz outro alerta:
“A estratégia de manter cofre em casa naufragou há muito tempo, pois era chamariz para ladrões. Ninguém mais mantém cofre na residência; é perigoso mesmo. A informação sobre sua existência pode vazar e cair em ouvidos de bandidos interessados na subtração de arma de fogo, dinheiro e joias.
Depois do debate acalorado, indaguei ao colega que havia levantado a vontade de comprar arma de fogo qual era sua decisão depois do aprofundamento sobre o tema:
“Pensando bem, ter uma arma de fogo na residência iria me trazer mais problema e preocupação do que proteção familiar”.
Em seguida o irmão dele completou:
“Lordello, outra questão é que acredito que arma de fogo é um bom equipamento para ataque e não para defesa, qual sua opinião?”.
Como estava com pressa para ir embora, fui breve:
“Esse é um bom tema para outro bate-papo!”