Iramaia Loiola: Uva Bonarda, sim!

Querido Vinho,

 

São tempos difíceis! Economicamente falando, ainda mais. Para muitos, sei que o consumo da nossa bebida favorita tem ficado mais escasso. Quiséramos nós poder esquecer as agruras da vida ou apenas brindar bons momentos no meio dessa loucura toda, com nossa taça diária. 

Os vinhos mais baratos sempre fizeram parte do cardápio aqui de casa. E muitos deles não fazem feio, não! 

O que eu direi a seguir é apenas uma percepção minha, desses mais de 8 anos provando nosso querido vinho mais em conta. 

Nas brincadeiras de tentar adivinhar aromas presentes nas taças, percebo que quanto mais pagamos por uma garrafa, mais fácil fica identificar outros aromas além das frutas vermelhas ou da uva, como tiramos sarro aqui em casa…haha Outro ponto, não sei dizer se é por falta de descanso do vinho na taça, que muitas vezes sinto somente a presença do álcool no meu nariz. Vou abrir um parêntese aqui. Acabo de ler o porquê dessa percepção forte de álcool . “Existe uma dica importante que poucos degustadores passam adiante: aspirar com muita intensidade os aromas na boca da taça só vai trazer para sua narina o cheiro de álcool. Ele é, sim, o mais forte e o mais volátil. Por isso, aspire com delicadeza, sempre.” – Revista Adega (Site Uol)

Vou parar de dar uma fungada daquelas na taça…hahaha

Clareando esse assunto um pouco: os aromas podem ser primários (vêm das uvas), secundários (da fermentação) e terciários (surgem com o envelhecimento do vinho). 

Portanto, acredito que um vinho jovem, mais barato, desses que a gente escolhe para consumir no dia a dia, não seja tão rico no buquê. 

Veja Também  Iramaia Loiola: O vinho verde é verde?

Por isso é tão gostoso quando a situação nos permite experimentar um vinho um pouco mais elaborado, que estagiou em barricas, por exemplo.

O dessa semana nos custou 80,00 (doeu!…haha) e a uva foi indicação de um amigo. Bonarda, já ouviram falar? Eu não. Ficamos curiosos. 

Nem sabíamos que se tratava de uma uva argentina. Aproveitamos o sommelier presente, que nos indicou um único exemplar que havia no mercado: Los Haroldos Roble Bonarda, safra de 2013. 

Quando falamos em vinhos argentinos, logo nos vem à mente Malbec. A Bonarda é a segunda casta mais utilizada por lá. Mais uma pra conhecermos e apreciarmos. No começo do plantio dela, o uso era em vinhos mais baratos, aqueles de garrafão, de mesa, sabem? No entanto, com a introdução de modernas técnicas de vinificação, excelentes varietais (vinhos de uma casta somente) passaram a ser produzidos, como esse que escolhemos.

Achamos um vinho bem fácil de beber. Senti aroma de flores, frutas vermelhas, especiarias como cravo e baunilha. Falam em tabaco e couro, esses ainda não fui capaz de detectar.  Os taninos estavam bem macios, visto que estagiou em barrica por 6 meses. É um vinho encorpado, na pegada de um Malbec. Harmonizamos com coxa e sobrecoxa de frango cozidas e muito bem temperadas, um risoto de parmesão que havíamos feito no dia anterior e uma salada completa. 

Arriscamos e petiscamos! Haha Vão lá e experimentem também. E me contem o que acharam.

Vinho argentino combina com tango argentino. Conheci o tango abaixo, quando meu pai incansavelmente tentava tirá-lo no violão. Na época nem sabia que música era aquela.  Por isso, minha escolha foi a versão ao violão. Me emocionei ao me lembrar dele. Que aí dos céus, meu pai querido, você possa ouvir minha homenagem de hoje. 

Veja Também  Iramaia Loiola: Netflix & Querido Vinho

Nos vemos semana que vem, aqui nesse mesmo batwine canal! Cheers! 

 

https://www.youtube.com/watch?v=9vmtC1Y207c

 

Abaixo uma pequena descrição do vinho que provamos:

 

LOS HAROLDOS ROBLE BONARDA

Marca: Los Haroldos

Produto: Vinho Roble Bonarda.

Região: Mendonza– Argentina.

Composição: 100% Bonarda.

Idade dos Vinhedos: 50 anos.

Tempo de Barrica: 6 meses em barril de carvalho

Notas de cor: vermelho rubi intenso com tons violeta

Notas de degustação: No olfato complexo, frutas vermelhas e fundo picante mais como couro. No paladar, se aprecia seus taninos robustos e abundantes e o frescor que lhe confere a sua acidez interessante.

Temperatura ótima para servir: 16ºC – 18°C

Álcool: 13,5 %

Acidez total: 5,17 (g/l)

Açúcar residual: 4 (g/l)

Loading

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens