Marcia Sakumoto: Mizaru, kikazaru e Iwazaru.

Não olhe para o mal, não escute o mal e não pronuncie o mal. Literalmente seus significados são: miru=olhar, kiku=ouvir, iu=falar e zaru=negar.

A representação desse provérbio antigo vem com os três macaquinhos, bastante conhecidos no mundo todo. Por aqui conta a lenda que através do filósofo chinês Confúcio por volta do século 8 em seu sistema conhecido como confucionismo, foi popularmente difundido no Japão como um Kotowaza (provérbio).

Os três macacos fazem gestos diferentes com as mãos, um cobre os olhos, outro a as orelhas e o outro a boca trazendo o significado: não olhe o mal, não escute o mal e não pronuncie o mal. Pois quando praticamos o mal aos outros, mantemos o mal próximos a nós. Considerando uma regra valiosa no Japão, a figura dos três macacos está esculpida em placas de madeira no Santuário de Toshougo na cidade de NIKKO. Acredita-se que essa filosofia contribui para a harmonia entre as pessoas. Outras interpretações ocorrem no budismo Tendai e no xintoísmo HIE que promovem festivais durante o ano do macaco já que por aqui a contagem dos anos é diferente do ocidente, seguindo o horóscopo japonês que foi baseado na astrologia chinesa, assim cada ano possui um animal que o representa, juntamente com seus significados e simbologia.

Quer alcançar uma vida boa?

Durante anos convivi com a estátua dos três macacos bem ali, na estante da minha casa, até o dia em que entendi que isso pode fazer parte da arte de viver bem.

O que metaforicamente tudo isso quer nos dizer?

Ver, ouvir e falar sobre o mal causa um efeito tóxico sobre nós. O cérebro nem sempre distingue a realidade da fantasia, e os três macaquinhos podem estar ali para nos lembrar, como um guia básico de estarmos sempre praticando a limpeza na mente, diminuindo nossas ansiedades, permitindo nos livrarmos dos contagiosos vitimismos e julgamentos.

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E o que poderíamos entender sobre o mal e o bem, e essa relação?

Seria possível viver sem o mal?

Não acredito, um nos dá entendimento do outro, mas podemos nos esforçar para sermos melhores hoje do que fomos ontem, isso sem dúvida é o que nos faz pensar e refletir essa filosofia milenar. Mas é claro que nem todos entendem da mesma forma, nem todos viam ou sabiam sobre a história dos três macacos no Japão, mas se lhe deixar uma certa curiosidade em querer aproveitar mais sua estadia por aqui e validar uma forma mais harmônica, me deixa muito feliz!

Espero que veja esse símbolo mais que apenas três macacos engraçadinhos, pois quando observamos nossos pensamentos e comportamentos, percebemos o que entra e o que sai dela, podemos alcançar uma vida boa.

Até a próxima!

Sayonara

 

Marcia Sakumoto

 

Imagens: arquivo pessoal da colunista.

 

 

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