Apesar de o ambiente político resvalar para a situação econômica e afetar a venda de veículos, além da crise do coronavírus e a escassez mundial de semicondutores, os três principais indicadores da indústria automobilística (vendas, produção e exportação) indicam recuperação nos próximos meses. É muito vento contra e qualquer conclusão precisa considerar aqueles aspectos ao analisar os números do primeiro trimestre.
Se no ano passado houve reflexos da pandemia já em março, em 2021 também ocorreu e agravado por 30 fábricas paradas no fim do mês por falta de peças ou para isolamento social. O ano de 2020 terminou com uma queda acumulada de vendas de 26% em relação a 2019. Mas se comparado o primeiro trimestre do ano passado com o deste ano, a redução foi de 5%, em veículos leves e pesados.
Em março de 2020 havia 48 dias de estoque, somando-se os pátios de fabricantes e concessionárias. Em março último, apenas 16 dias, uma redução de 67%. Essa baixa oferta, claro, tem consequências por deixar de atender quem entra na loja e não encontra o produto desejado ou deve esperar mais de 30 dias. Por outro lado, os gastos financeiros com capital de giro reduziram-se sensivelmente. Para lembrar, os estoques chegaram a superar 100 dias em abril de 2020.
A média diária de vendas em fevereiro deste ano foi de 8.370 unidades e em março, 8.270 unidades, mas, a partir de agora, essa média pode subir. Afinal, o número de fábricas paralisadas diminuiu para 10 no começo de abril. Uma das maiores empresas de semicondutores do mundo, a japonesa Renesas, voltará a produzir na próxima semana, depois de um incêndio em março.
A pandemia vem deixando estragos na economia brasileira. Não somente indústrias, mas também concessionárias estão muito afetadas. Porém, uma recuperação entre 15% e 20%, em 2021, continua sendo uma previsão razoável.
Toyota ainda decidirá sobre Yaris Cross
O inédito Yaris Cross Adventure acaba de ser lançado na Europa. Embora os Yaris produzidos em Sorocaba (SP) tenham uma arquitetura simplificada em relação aos fabricados na França, não há planos para um modelo semelhante aqui. Essa foi a resposta de Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, a uma pergunta minha. Entretanto, senti que se trata mais de uma posição cautelosa, para observar melhor o mercado.
O executivo considera ainda a rentabilidade financeira menor de um produto, como o Yaris, e isso deve ser ponderado em qualquer decisão futura. A empresa aponta os altos custos de produção no Brasil e a consequente dificuldade nas exportações, com as quais conta para equilibrar as operações.
Ele também confirmou que o Grupo Toyota continuará a investir em várias frentes tecnológicas (híbridos, elétricos e hidrogênio) e se adaptará às possibilidades de cada mercado. No Hemisfério Sul considera essencial construir uma infraestrutura para recarga de baterias em rodovias. Indica os híbridos como alternativa plausível, pois podem ser vendidos por uma diferença de preço em torno de 10% mais em relação a um modelo com motor a combustão.
ALTA RODA
DESDE o último dia 12 passaram a valer as modificações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Embora alguns especialistas considerem que houve afrouxamento das normas gerais e de segurança com 57 modificações no CTB, é preciso considerar que vários pontos estão corretos. Entre eles atualizar a faixa de idade para renovação da CNH, mantendo o intervalo de três anos para quem tem mais de 70 anos.
TAMBÉM não tinha sentido um prazo tão exíguo como 15 dias para a defesa prévia, considerando possíveis atrasos nas entregas de correspondências. O caráter educativo da advertência por escrito para infrações leves e médias também é aceitável, considerando ser aplicável só uma vez por ano.
SUBIU para até 40 pontos o limite para suspensão da CNH. Mas se o motorista cometer uma infração gravíssima por ano, o limite cai para 30 pontos e com duas a regra dos 20 pontos fica mantida. Necessário observar se os acidentes aumentarão em razão única dessa regra. Se ficarem comprovados causa e efeito, o bom senso indica eventual revisão.
ACCORD importado dos EUA voltará a ser comercializado no Brasil, mas apenas na versão híbrida. Ainda sem preço definido pois só estará disponível no início do segundo semestre. Motor a combustão é um 2-litros a gasolina, ciclo Atkinson, de 145 cv e um elétrico de 185 cv. Potência combinada (não divulgada pela Honda no Brasil, mas em outros países sim) de 212 cv.
PODE rodar em modo totalmente elétrico por dois a três quilômetros. Sistema híbrido do Accord, primeiro de três modelos desse tipo que a fabricante importará até 2023, acopla o motor a combustão às rodas, quando em velocidades constantes acima de 100 km/h. Consumo de 17,6 km/l no ciclo urbano e 17,1 km/l no rodoviário.
Fernando Calmon
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagem: Freepik