O feminismo é um movimento social que defende a igualdade de gênero, ou seja, longe de ser uma questão de mulheres contra homens, é uma luta para que ambos tenham os mesmos direitos e oportunidades.
O oposto do machismo é o femismo, um movimento sexista que prega a superioridade das mulheres e não é isso que queremos.
É bom deixar essas diferenças bem esclarecidas pois atualmente encontramos muitos homens feministas que se envergonham dos comportamentos machistas bem como existem mulheres que vivem sem questionar o regime patriarcal.
No Brasil, até 1962 as mulheres não tinham direito ao CPF Cadastro de Pessoas Físicas, o que as impossibilitava de abrir uma conta bancária, mas gradativamente estamos cada vez mais presentes no mercado de trabalho e segundo o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a participação feminina responde por 54,5% da força de trabalho, porém com remuneração em média 81% do rendimento dos homens.
Ocupamos o vergonhoso 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, um crime de ódio, onde a motivação da morte está no fato da vítima ser uma mulher e na maioria dos casos com uma conotação de vingança e posse.
As mulheres dependentes economicamente de seus companheiros tornam-se mais facilmente vítimas caladas, obrigadas a viver relacionamentos tóxicos e abusivos por medo de abandonar a casa com seus filhos e não terem o que comer nem para onde ir.
A Lei Maria da Penha foi criada para assegurar proteção à mulher nos 5 tipos de violência doméstica e familiar dos quais pode ser submetida: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.
A violência patrimonial se caracteriza pela privação do direito de obtenção e uso dos recursos que garantam meios básicos e dignos de sobrevivência.
Li uma matéria da Forbes escrita por Carol Sandler, onde ela diz que:
– o dinheiro é a maior fonte de stress e angústia para as mulheres. Vivemos num país onde a desigualdade salarial é uma realidade e dinheiro nunca foi assunto para as mulheres.
– 93% das brasileiras acredita que os homens entendem mais de dinheiro do que elas. Isso faz parte da nossa história e da cultura, das histórias das princesas desamparadas e seus príncipes encantados.
– Dinheiro é muito mais que um número. A questão não é quantos dígitos tem a sua conta corrente, mas o que sua vida financeira te permite realizar e sonhar. Falar sobre dinheiro é falar sobre liberdade, independência e autonomia.
– Não existe nenhuma barreira para mulheres aprenderem a lidar bem com seu dinheiro. Com mais conhecimento passam a ter mais confiança
-Nada de ruim acontece quando as mulheres têm mais dinheiro. Pelo contrário, as mulheres são multiplicadoras de conhecimento e educação financeira. Uma mulher confiante com sua capacidade de cuidar da sua vida financeira transforma a vida de toda a sua família.
Conheço mulheres que tem vergonha de dizer que gostam de ganhar dinheiro ou que tem ambição, têm medo de dizer que preferem falar de negócios do que trocar receitas culinárias, outras relacionam dinheiro com pecado ou acreditam que as únicas formas de ganhar dinheiro são por herança ou casamento.
As antigas gerações cresceram ouvindo histórias que refletiam uma sociedade que colocava a mulher na função de cuidados domésticos, num trabalho não remunerado que as tornava dependentes financeiramente de um homem.
A primeira vez que ouvi falar sobre o Complexo da Cinderela estava numa roda de jovens executivas bem-sucedidas e como não sabia do que se tratava permaneci ouvindo seus relatos assustadores, acredito que todas nós conhecemos a história da Cinderela, aquele conto de fadas que termina no belo dia que um príncipe encantado surge na sua vida com o famoso final felizes para sempre.
Baseado neste conto, a pesquisadora Colette Dowling estudou o medo que muitas mulheres têm diante da própria independência, são as mulheres que tem medo de tomar as próprias decisões e preferem deixar que os outros as guiem pela vida afora.
Entregar sua felicidade nas mãos de outro gera além da dependência, complexo de inferioridade, frustração e baixa autoestima. É aquele mito da metade da laranja, da tampa da panela., da cara metade… não pode ser assim, está errado, eu preciso estar inteira para encontrar outro inteiro ou para decidir que prefiro ficar sozinha.
Você precisa ter liberdade para ser uma profissional liberal, uma executiva ou uma dona de casa, as escolhas devem ser exclusivamente suas, sem interferências externas ou palpites alheios. Com o poder de controlar o seu dinheiro você ganha o poder de cuidar da própria vida, de decidir sobre seu destino, sobre o emprego, relacionamentos e estudos…ficar ou largar é por sua conta e risco!
Ainda bem que atualmente as heroínas são as guerreiras, as corajosas, as que transformam o mundo, as histórias para crianças estão se adequando aos novos tempos!
Estudos realizados pelo Banco Mundial, as Nações Unidas e o GEM demonstram que as mulheres são de fato os grandes motores da economia mundial, tanto como empresárias, empreendedoras, profissionais liberais ou consumidoras.
Portanto, você é a única responsável pelas suas finanças, pela sua vida, pelos erros e acertos. Fazer negócios e ganhar dinheiro é sim assunto de mulheres!
“Querer ser livre é também querer livres os outros.” Simone de Beauvoir
Lilian Schiavo
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