Bom dia meus amigos!
Você já leu algum artigo ou livro sobre a Espiritualidade Celta? Você já deu um Google e visitou a mágica ilha de Lona, na Escócia? Talvez você nunca tenha ouvido falar de Columba de Lona ou o fato dos Celtas terem se tornado um dos movimentos de resistência contra o Império Romano.
Sim. Eu sei…
Parece que estou falando Grego…
Pois bem, este é um tema que me fascina. Quem sabe eu me animo e começo a escrever mais sobre a Espiritualidade Celta, Os Pais do Deserto, a Espiritualidade Contemplativa e outros assuntos desta natureza que eu tenho navegado e aprendido nestes últimos 5 (cinco) anos…
Vamos lá! Já que o título da minha coluna de hoje é Espiritualidade Celta: Uma Rápida Introdução…
Vamos fazer uma introdução básica para começar este assunto e nos posicionar no tempo e espaço que nos darão uma melhor compreensão histórica desta viagem.
Portanto, começamos a nossa viagem nas páginas da história e na esteira da civilização humana que nos remeterão ao ano 325 d.C. E talvez você me pergunte: “Fábio, porque esta data no século IV?
Ora, se você gostaria de saber mais detalhes sobre o processo de Constantinização, antes de seguir o texto de hoje, leia a minha coluna Jesus não é o fundador do Cristianismo.
Na realidade, a religião cristã ganhou contornos políticos e econômicos a partir de Constantino, o Imperador Romano, que teve a proeza e sutileza política de fazer do que era um movimento orgânico e singelo, se tornar um movimento hierárquico, institucional e dependendo de como olharmos, alguns indubitavelmente afirmarão: um movimento bélico.
Os celtas eram contrários a esta fusão religiosa, política e institucional que o Cristianismo se tornou. Simples assim. Os celtas eram contrários ao financiamento de Constantino para chamar os bispos e se reunirem no Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C., e portanto, não foram, não participaram, e negaram qualquer ligação com tal movimento patrocinado pelo Imperador Romano. Simples assim.
Isto dito, se você me conhece suficientemente bem, já pode imaginar que só pelo fato dos celtas resistirem tal movimento Constantiniano de cooptação religiosa-política, faz com que eu me interesse pela simplicidade da espiritualidade praticada por eles tanto quanto a maneira que eles tinham de viver a vida.
Pois bem, já que é uma introdução, ficarei hoje na introdução e não escreverei um livro sobre o assunto. Pode ser?
Posso te fazer uma outra pergunta?
O quanto você aprecia a natureza? Você é um daqueles indivíduos que não percebem a beleza de uma montanha por estar mais interessados em olhar tudo através de uma tela de Iphone para tirar a foto? Você é um daqueles homens de negócios que estão tão ocupados e são incapazes de sentir o cheiro de um jasmim ainda que passem todos os dias pelo mesmo jardim ou parque?
Você já parou para pensar que se o Planeta Terra estivesse alguns metros mais próximo do Sol, poderíamos virar “torradinhas” para um bom café da manhã com manteiga ou geleia. E mais ainda: Se o Planeta Terra estivesse alguns metros mais distante do Sol, poderíamos virar “picolés” para um bom passatempo na praia.
Uma das características da Espiritualidade Celta é ver, e discernir Deus na natureza. Olhar com um olhar contemplativo. Juntar-se ao som das águas do mar, e do suspiro do vento em adoração e louvor ao Criador. Jogar-se dentro de um rio, e banhar-se debaixo de uma queda d’água enquanto observamos a dança das montanhas, o cheiro das flores e os tons diferentes dos verdes das matas, bosques e florestas que anunciam a presença de um Criador.
Em outras palavras, a Espiritualidade Celta nos ensina que a nossa espiritualidade não se vive com os olhos fechados, mas com os olhos bem abertos, pois não devemos olhar para o “além” ou “aquém” da vida, mas para a própria vida que circula e passa bem diante dos nossos olhos, e portanto, fazendo este exercício simples ficaremos cara a cara com o Divino, pois Ele é o Criador de tudo e de todos.
Hoje, eu fico por aqui, e te deixo um vídeo que eu mesmo fiz, quando morava no Japão e “escalei” o Monte Fuji. É uma pequena reflexão sobre o Salmo 19. A voz de Deus se faz ouvir pelas coisas extraordinárias que Ele mesmo criou…
Eu te convido a olhar para o coração da vida, não para fora da vida, certamente você tomará um susto ao sentir o cheiro do jasmim, o barulho da onda do mar, a doce brisa que sopra no teu rosto em dias ensolarados, e mais ainda, você tomará um susto com a criatividade e singularidade deste planeta que traz as impressões digitais divinas em cada amanhecer e anoitecer.
Em 2017 eu fiz este vídeo no Japão e gravei uma reflexão singela sobre Deus e a natureza enquanto caminhava pela região conhecida como Fujigoko. A natureza é inegavelmente a voz latente e extrínseca de Deus.
Um beijo grande a todos vocês!
Até a próxima.
Fábio Muniz
Lyon, França
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Video
Respostas de 2
Que maravilha. Nem imaginava qe o pessoal dava um rolê no Monte Fuji…srsrs
Agora quanto a cultura Celta, o nosso imaginário é de que ela permeia apenas no paganismo bucólico. Mas é sempre bom um copo de agua gelada no rosto para aprendermos alguma coisa nova, mesmo sendo algo já tão antigo. Esperemos pelo livo então Fabio !!!! Abçs
Ótima introdução. Infelizmente as práticas contemplativas são muito subestimadas na sociedade ocidental padrão. E podemos admirar a beleza da natureza a qualquer momento e lugar, basta olhar para fora, como você bem disse.