Fábio Muniz: Como explicar o inexplicável?

Bom dia meus amigos da jornada!

Vocês já se pegaram algumas vezes tentando explicar o inexplicável?

Olha só. Normalmente a gente explica o inexplicável não no momento que vivemos ou passamos pelo inexplicável. Até porque muitas vezes o inexplicável traz marcas duras e doloridas, solidão e profunda tristeza. Aliás, não é a toa que o tal inexplicável se chama inexplicável…

Você talvez me diga: “Fábio, não estou entendendo muito bem. Você poderia me falar um pouco mais claro o que você quer dizer?”

Claro que sim. Veja bem…

Quem consegue entender a perda de um emprego sem aparente justificativa? Quem consegue entender uma perseguição injusta no trabalho devido a um sentimento de inveja? Quem consegue entender uma traição inesperada que gera uma angustia no nosso ser por semanas ou meses? Quem consegue entender uma doença súbita?

Ora, o fato é que a perda de um emprego pode trazer um sentimento de que o mundo vai acabar. No entanto, é a mesma perda de emprego, a mola propulsora para fazer o indivíduo enxergar novas oportunidades, e quando você menos percebe e se dá conta, uma porta imensa se abriu, o indivíduo já está trabalhando em uma outra área, outro negócio, e tendo um sucesso jamais imaginado…

O fato é que uma perseguição no trabalho, pode fazer um homem de negócios extremamente conhecido se aproximar mais da sua esposa e filhos. Sendo assim, o mesmo aparente caos chamado “perseguição no trabalho” foi a mola propulsora para que o tal “famoso e ocupado homem de negócios” começasse a conversar mais com a esposa que estava esquecida e deixada de lado. Portanto, um processo de casulo se inicia, e desta lagarta surge uma linda e colorida borboleta onde hoje há mais companheirismo entre eles, e não somente se supera a perseguição injusta, mas a relação do casal está “inexplicavelmente” fortalecida.

O fato é que uma traição inesperada, pode fazer o ser humano se tornar mais humano, e assim, o indivíduo aprende que em um mundo de “cardos e abrolhos”, devemos viver o momento e aproveitar aqueles que estão muito próximos de nós e “volta e meia” esquecemos e não os vemos. São os mesmos que nos amam verdadeiramente e sem interesse algum. E portanto, às vezes é de um buraco negro que se começa a perceber uma imensa luz que sempre esteve do nosso lado, mas nunca fora notada.

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De modo que eu poderia seguir escrevendo milhares de outros exemplos que nos ensinam como o inexplicável se explica, mas não esqueça: quase nunca o inexplicável se explica no presente-momento. Momento este que o inexplicável toma cara, cor e cheiro na existência, mas normalmente, ele se explica no futuro…

Às vezes passam alguns dias…

Às vezes passam algumas semanas…

Às vezes passam alguns anos…

Foi no ano de 2005 enquanto eu viajava pela Flórida. Eu morava em Toronto, no Canadá e passei pelos Estados Unidos. Após viajar por New York, Allentown na Pensilvânia, eu cheguei finalmente na Flórida. Estava fazendo uma série de palestras em Fort Lauderdale quando conheci a Adriana. Uma brasileira, doce, meiga que muito queria que eu conhecesse o seu esposo. Pedro era o nome do seu esposo. Um homem alto, originalmente de Barcelona, sério, humilde e de um coração extremamente generoso.

Pois bem, eu disse à Adriana que não seria possível conhecê-lo porque o meu vôo para o Texas sairia na manhã seguinte, e que não faltaria oportunidade para conhecer o seu esposo.

Na realidade, o que eu não esperava era o cancelamento do meu vôo, o caos daquele dia e dezenas de circunstâncias que fugiam do meu controle fazendo e forçando-me a mudar uma agenda programada para permanecer na Flórida.

Sem entender o inexplicável com ares de tanta confusão e estresse, toda conjuntura me fez ficar “plantado” em Fort Lauderdale sem escolhas.

Isto posto, acabei conhecendo o esposo da Adriana. O Pedro. Poderia seguir escrevendo um livro sobre este encontro. Mas, quero ficar por aqui resumindo o fato que eles dois são algumas das pessoas mais fantásticas que já conheci. Eu acabei me reencontrando com o Pedro e a Adriana em Barcelona. Eu acabei tendo o privilégio de conhecer toda a família do Pedro na Espanha e me acolheram enquanto eu começava a minha vida no continente europeu em 2005. Eu acabei conhecendo o filho da Adriana em Lisboa, e nos tornamos bons amigos. Eu acabei apresentando a Adriana e o Pedro aos meus pais em São Paulo quando estiveram por lá. A nossa amizade e carinho cresceram ainda mais. A Adriana e o Pedro se tornaram os nossos amigos e padrinhos de casamento em 2011. Nos vimos em Chicago.

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Meu querido amigo Pedro participando do nosso casamento em Chicago, 2011

Dito isto, na semana passada tivemos a alegria de receber uma mensagem inesperada dos dois dizendo-nos que estavam na Suíça e viajariam para a Espanha, queriam nos ver em Lyon. Lyon era a bola da vez!

Que visita maravilhosa! Os nossos amigos e padrinhos de casamento Pedro e Adriana viajando da Suíça à Espanha. Nos conhecemos em Fort Lauderdale. Depois fui acolhido pela família do Pedro em Barcelona. São Paulo foi a cidade onde tive o privilégio de apresentar os dois aos meus pais. Vieram à Chicago para o nosso casamento. E enfim, a jornada global segue: Lyon foi a bola da vez! Espero que o nosso próximo encontro não demore muito seja onde for … é sempre muito bom vê-los!

Que encontro gostoso! Que momento maravilhoso!

Uma amizade e carinho, uma jornada que começou devido a circunstâncias que me forçaram a ficar em Fort Lauderdale por mais alguns dias.

Na esquerda a minha menina Sophia que sempre brincava com a cachorrinha Deise quando viajávamos de Clearwater onde morávamos e visitávamos a Adriana (direita) em Fort Lauderdale. Hoje o encontro com a Sophia muito maior (8 anos) tomou lugar em Lyon.

Conquanto eu não entendesse o inexplicável dos fatos ocorridos em 2005 que eram sinceramente um “presente-momento” confuso e sem sentido, hoje, no mês de setembro de 2021, eu posso dizer que o “inexplicável se explica” porque a vida se lê frequentemente ao olhá-la para trás. É como um quebra-cabeça de milhares de peças.

Agora deixo vocês pensando…

Desejo uma ótima semana. E muita coragem!

Isto mesmo, amigos da jornada. Coragem!

O inexplicável de uma dor, confusão e sensação de “perda do chão” poderá se explicar quando menos se espera.

Até a próxima!

 

Fábio Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or, França

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem 01: Misterio da vida

Imagem 02: Freepik

Imagem 03 a 05: Arquivo pessoal do colunista

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Respostas de 4

  1. Puxa Fábio, realmente algumas situações só ficarão mais claras com o passar do tempo, e algumas nem assim. Quando estamos no “olho do furacão” realmente nos sentimos perdidos.
    Eu sempre prefiro me policiar a pensar que o que parece errado pra mim, deve ser proteção divina, alguma coisa que eu não teria como resolver e Deus por sua imensa graça resolve em meu benefício, mesmo que no momento pareça estar tudo errado do meu ponto de vista.

    Siga escrevendo, abraços,

    1. Boa palavra meu amigo, Elton.
      De fato, a nossa tendência é questionar, murmurar, brigar com Deus, se zangar…
      E frequentemente estamos sendo “salvos” pela “desgraça” aparente para que uma desgraça maior não ocorra no futuro.
      Apenas a jornada da existência vai nos falar e nos ensinar a ter paciência e esperar.
      Um forte abraço.
      Fábio

  2. Sim filho,temos alguns episódios em nossas vidas ,que somente lá na frente,iremos entender o inexplicável se tornar explicável. Fiquei órfão aos 16 anos,Jesus levou uma pessoa q me amava muito,minha mãezinha ,aos 18anos levou meu papai. Fiquei sem chão. Depois de dois meses,sem chão,conheci seu papai,que formei minha família querida.Aonde posso explicar que hoje sinto meus pés firme no chão,com tudo q construímos com o AMOR de DEUS .MINHA FAMÍLIA.

    DEUS EXISTE!TUDO COOPERA PARA O NOSSO BEM…BEIJOS SDS

    1. Lindo comentário, mãe.
      Muito forte. A necessidade que passem semanas, meses e frequentemente anos para que possamos olhar para trás e entender o inexplicável e a “aparente desgraça” que resultou em algo lindo. O fato é que as pessoas enxergam os resultados finais, e nós que vivemos os processos sabemos como estes resultados chegaram e qual caminho tivemos que percorrer no chão da existência entre lágrimas, saudades e esperança.
      Beijo grande.
      Fábio

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