Arquiteta por formação e inquieta por natureza, tenho mania de inventar, de mudar a ordem das coisas, de questionar, sou uma apaixonada pela física quântica e pelo raciocínio lógico e matemático, movida pela razão, mas também pelo coração, meu combustível é o amor e o motor é a indignação.
Deixando a teoria de lado, acredito que o amor não se explica, se vive… com empatia, compaixão, solidariedade, respeito, liberdade, justiça e ética.
No dicionário, indignação é um substantivo feminino, que significa revolta, sentimento de oposição provocado por uma circunstância injusta, indigna ou revoltante.
Amor e indignação… dois sentimentos antagônicos, mas primordiais para quem tem um propósito, para os agentes de transformação, para quem abraça uma causa e luta por ela.
Ainda bem que o mundo está mudando, as novas gerações chegam com atitude, preocupadas com o planeta, a inclusão e a diversidade. Possuem discursos potentes, são ativistas e predispostas a mudanças.
A questão é que estamos falando sobre um futuro de esperança, mas e o presente, como fica?
Conheço mulheres que alcançaram o topo, ocupando espaço como CEOs ou conselheiras, abrindo caminho para outras, são precursoras inspiradoras, mas quando chegam aos 60 anos são convidadas a se retirar da empresa.
Num mundo supostamente inclusivo e diverso, onde está a empatia? o politicamente correto? Ou será que isso só funciona para outras causas, afinal, quem vai lutar pelos 60+?
Tenho amigas que passaram dos 80 anos com uma vitalidade de dar inveja, com disposição para sonhar e revolucionar, com lucidez e coragem, com fé e esperança.
A medicina avança a passos largos, indicando que as pessoas chegarão facilmente aos 100 anos e nós vamos continuar desprezando o talento e a capacidade laboral dos seniores?
Ter vivido muitas décadas significa mais experiência e na maioria dos casos, um acúmulo de sabedoria, paciência e tolerância.
Já percebeu como os avós são mais condescendentes com os netos do que foram com os filhos? A maturidade ensina a ser mais flexível, a dar menos importância ao supérfluo, a ouvir mais, a preferir ter paz do que ter razão
Menos eu, mais nós… pensar no coletivo, dar voz aos invisíveis, ligar holofotes e megafones, dar as mãos e potencializar as forças.
Não importa se hoje você com 28 anos ocupa o mais alto posto na sua empresa, ao invés de remar com a maré e descartar os 60+ reflita sobre o privilégio de viver tanto e continuar contribuindo para a sociedade. Torça para que você também tenha vida longa e produtiva, com qualidade de vida.
Menos eu, mais nós… é deixar de olhar para o próprio umbigo, levantar a cabeça e olhar para a frente, para os lados, para cima e para baixo, é mudar a conjugação verbal, ao invés de eu me basto vamos pensar no que fazer para que nós todos possamos ser mais felizes, saudáveis e solidários.
Ao invés de encarar com desdém os cabelos brancos e rugas, trate com respeito e até uma certa reverência, sem palpitar sobre a roupa ou o jeito vintage de falar, sem rir da dança esquisita ou do andar titubeante, sem tratar como se fosse incapaz ou descartável.
Te convido a pensar sobre etarismo, definido como a discriminação, o preconceito e a intolerância contra pessoas com idade avançada.
“Não é verdade que as pessoas param de perseguir os sonhos porque envelhecem, eles envelhecem porque pararam de perseguir os sonhos.” Gabriel Garcia Marquez
Lilian Schiavo
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