Fábio Muniz: Manresa – Inácio de Loyola e os exercícios espirituais

Os lindos mosaicos da capela nos resumem 30 dias de estudos propostos para conhecer cada um destes exercícios espirituais tanto quanto nos convidam para uma viagem ao nosso interior.

 

Bom dia meus amigos queridos,

Eu estou feliz de poder passar estes dias em Barcelona. Barcelona é uma cidade incrível. Conquanto Lyon, na França, seja a minha residência e projeto de longo prazo, Barcelona é ainda a cidade onde eu mais passei tempo desde que eu deixei o Brasil.

Nos meus estudos de acompanhamento espiritual, li muito sobre os exercícios espirituais em inglês. Em Lyon, passei dois anos (uma a vez ao mês), estudando eles dentro de uma comunidade jesuíta em francês, mas estou contente de ter acesso ao mesmo material, mas na sua língua materna: espanhol.

Dito isto, eu quero aproveitar o fato de estar tão próximo de Manresa, e falar sobre Inácio de Loyola e a sua experiência com os exercícios espirituais.

A catedral de Manresa é uma viagem ao passado e ao mundo da arquitetura gótica. Enquanto esteve em Manresa, Inácio de Loyola frequentava quotidianamente este lugar.

Você certamente já ouviu falar de Inácio de Loyola. Mas, você sabia que ele foi o fundador do movimento dos jesuítas em 1534? Você sabia que o co-fundador do movimento dos jesuítas, Francisco Javier, foi ao Japão no século XVI e trouxe um impacto profundo de conversão na cultura e povo japonês? Aliás, o filme “Silence” mostra como este processo do século XVI foi acachapado no século XVII durante a feroz perseguição do imperador japonês, matando e calando a fé cristã que começava a crescer exponencialmente.

Você sabia que Inácio de Loyola escreveu os exercícios espirituais que nos convidam para uma viagem ao silêncio, para a interioridade, para que “em tudo, você possa servir e amar”?

Inácio de Loyola passou 11 (onze) meses dentro desta cova onde teve experiências místicas e pessoais. Os exercícios espirituais foram produzidos e escritos enquanto Inácio se preparava para a sua viagem à Jerusalém.

Você sabia que os exercícios espirituais nos convidam para estabelecer raízes profundas horizontais ficando cara a cara com o meu “falso eu” para que o “meu eu” em verdade, sem máscaras se apresente diante de Deus?

Você sabia que os exercícios espirituais nos empurram para viver a verticalidade da minha devoção a Deus enquanto eu tomo “sustos” ao perceber a graça de Deus na vida de gente que eu jamais imaginei que seriam visitadas por tal graça?

Os lindos mosaicos da capela nos resumem 30 dias de estudos propostos para conhecer cada um destes exercícios espirituais tanto quanto nos convidam para uma viagem ao nosso interior.

Eu poderia escrever um livro sobre este tema, mas quero apenas resumir esta coluna em alguns pontos.

Veja Também  Fábio Muniz: Afinal, o Papai Noel existe ou não?

Inácio enquanto defendia a cidade de Pamplona em 1521 foi ferido gravemente na sua perna. A partir desta circunstância, ele teve uma experiência espiritual que mudou radicalmente a sua vida.

Inácio, após a sua conversão decide ir à Jerusalém. No entanto, antes de embarcar em Barcelona para a Terra Santa, ele permanece em Manresa por 11 (onze) meses e escreve os conhecidos exercícios espirituais.

Isto posto, eu quero te convidar a pensar quais são as feridas na tua existência que são oportunidades potenciais que podem te levar à uma experiência espiritual? E mais ainda, quantas vezes nós reclamamos e perdemos de vista a possibilidade de crescer enquanto sofremos.

Dentro da cova inaciana, encontra-se uma pequena menção do fato de que Francisco Javier foi ao Japão em missões no século XVI. Na figura notamos samurais se convertendo ao cristianismo e deixando as suas espadas.

Eu sei. Ninguém quer sofrer. Eu tampouco quero. Mas a vida e a sua realidade esmagadora, nos traz o que é inegavelmente imprevisível.

Que Deus nos ajude e nos dê forças para fazer do deserto um lindo campo florido.

Que Deus nos ajude para que a partir das nossas feridas, um lindo processo de transformação se inicialize.

Que Deus nos ajude a sairmos do nosso casulo, e a partir de uma “lagarta”, haja uma linda oportunidade de abrirmos asas e “borboletear” na existência.

Um beijo grande a todos vocês.

Até a próxima!

 

Escrito de Barcelona

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem: Arquivo pessoal do colunista

 

Loading

Respostas de 2

    1. Querida Loriete,
      Obrigado por sempre passar pela coluna. Que Deus nos ajude a esta difícil tarefa de entender que temos a chance de borboletear na existência. Um beijo grande. E até a próxima!
      Fábio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens