Onde estão as mulheres?

Quem me conhece sabe, gosto de gente, gosto de uma boa conversa, gosto mais de ouvir do que de falar, sou boa observadora e uma curiosa por natureza.

Às vezes pareço inconveniente, faço perguntas como aquelas crianças pequenas que querem entender o porquê das coisas.

Tenho mania de sorrir e abraçar, sou bem simples, do tipo que quando fala todo mundo entende, não costumo usar palavras rebuscadas nem citar filósofos gregos ou teorias de física quântica, apesar de ter crescido ouvindo meus pais citarem frases de Platão e Schopenhauer e ter uma irmã superdotada que até hoje insiste em explicar o comportamento dos sistemas físicos e a interação entre energia e partículas.

Sendo desse jeito fácil, as pessoas costumam abrir seus corações e falar da vida sem rodeios, sem filtros ou melindres.

Por conta do meu trabalho com mulheres, um dos temas mais recorrentes é o da necessidade de ter cada vez mais mulheres ocupando todos os espaços possíveis, principalmente em cargos de liderança, seja na política, em conselhos empresariais ou pilotando astronaves.

Somos conhecedoras do sombrio prognóstico que indica que a igualdade de gênero será alcançada daqui a 300 anos segundo recente estimativa da ONU.

Então, uma das minhas atividades principais é incomodar as pessoas quando chego num lugar onde sou a única ou uma das únicas mulheres… longe de me intimidar, faço questão de perguntar onde estão as outras mulheres, se estão chegando ou não foram convidadas.

Às vezes nem preciso perguntar, basta entregar o cartão de visitas onde está escrito que represento uma organização de mulheres e já me habituei a ouvir que apesar do presidente ser homem a vice-presidente é mulher, que a diretoria é composta por muitas mulheres, que a empresa tem mais funcionárias do que funcionários.

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Por várias vezes escutei CEOs contando que foram criados por mães solo, que as mulheres são fortes e resilientes, que nossa liderança é horizontal graças às nossas habilidades soft skills, que o mundo seria melhor se tivesse mais diversidade.

Todo esse preâmbulo foi para comentar conversas sinceras que mostram um outro ângulo sobre a presença das mulheres em espaços predominantemente masculinos.

Com tanta discussão em torno da diversidade nos conselhos, um homem fez uma “mea culpa” contando que normalmente escolhe pessoas de sua confiança e que os primeiros nomes lembrados acabam sendo o dos amigos.

Outro contou que apesar de tentar colocar mulheres no grupo, elas nem responderam aos e-mails.

Existem aqueles que dizem que são pais de meninas e se tornaram ativistas para tornar o mundo empresarial mais inclusivo e diverso, são os que aderiram ao movimento He for She.

Parece inacreditável, mas é verdade, então, na próxima vez que te convidarem para ser a primeira mulher a ocupar um posto de liderança ou conselho, não se intimide, levante a cabeça, elimine a síndrome de impostora, respire fundo e vai!

Vai com medo, mas com coragem, com pernas tremendo, mas passos firmes, com a voz trêmula, mas falando sem parar, vai e assume o seu espaço no mundo!

Deixa a timidez de lado e sem falsa modéstia olhe para trás e lembre como sua caminhada foi árdua e o reconhecimento é merecido, afinal, você se preparou para ocupar este lugar de honra, foram dias sem dormir, dias madrugando, sem descanso nos finais de semana, trabalhando em duplas jornadas, cuidando dos filhos, da família, cumprindo agendas lotadas de compromissos.

Tenho certeza que um dia você sonhou alto e ficou com medo de cair porque disseram que era impossível, mania de grandeza, pediram para você colocar os pés no chão e voltar para a realidade.

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“A maioria das coisas “impossíveis” são impossíveis apenas porque não foram tentadas.” Clarice Lispector

 

 

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Imagem 01: Freepik

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