Iniciei minha vida profissional com vinte e poucos anos, nessa época eu era como uma esponja que queria absorver o máximo de conhecimento e quem sabe, encontrar respostas para todas as perguntas.
A sensação era de ingressar num mundo novo, cheio de protocolos, frases subentendidas, códigos comportamentais e um manual de etiqueta empresarial desconhecido por mim.
Então, com a ingenuidade típica dos muito jovens, errei bastante, cometi gafes homéricas, levei puxadas de orelhas, seguidos de tombos, arranhões e escorregões… mas tudo bem, sabemos que todo início é difícil.
O bom é que sobrevivi! Estou firme e forte, curiosa como sempre, em constante aprendizado e extremamente grata a todos professores e mentores.
A diferença é que agora faço parte da geração prateada, aquela intitulada como idosa, da melhor idade ou 50+.
Nesta fase da vida, sofremos transformações e muitas migram de função, algumas passam a fazer parte de conselhos, outras fazem transição de carreira e se tornam autônomas, se reinventam, abandonam os scarpins e vão morar em uma praia paradisíaca ou nas montanhas.
Teve gente que preferiu voltar a estudar e fazer um curso de gastronomia que se transformou num novo empreendimento.
O triste é ver tantas pessoas talentosas, no auge da carreira, com uma experiência fantástica e capacidade para seguir trabalhando serem substituídas como se o prazo de validade tivesse vencido.
Etarismo, também conhecido como ageismo ou idadismo se refere a discriminação e preconceito às pessoas com base em sua idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes maneiras de abordagem ao idoso, como atitudes de exclusão, desqualificação e desvalorização.
Segundo a OMS um a cada seis idosos já sofreu algum tipo de violência, sendo o etarismo uma delas. Pesquisa da Great Place to Work Brasil revela que apenas 3% dos profissionais com idade superior a 60 anos integram uma das 150 melhores empresas avaliadas pelo levantamento.
Recentemente participei de uma reunião sobre liderança e tive o privilégio de escutar um professor que certamente ultrapassou as 7 décadas proferir a palestra mas inovadora e disruptiva que já ouvi, todos sem exceção faziam perguntas para entender mais sobre as idéias deste senhor que demonstrava uma enorme bagagem cultural adquirida com a experiência e uma inusitada capacidade de enxergar o futuro com lupas, um visionário como Leonardo da Vinci.
Na mesma semana, li um artigo sobre etarismo publicado pelo dr. Walter Machado de Barros onde ele escreve: -”Ao longo da minha vida, sempre acreditei que inovação e a criatividade não tem limites de idade… Gosto de apontar que muitas das minhas realizações profissionais foram conquistadas depois dos 60 anos de idade. ”
A BBC News Brasil trouxe um artigo sobre “divórcio grisalho”, um fenômeno recente das separações após décadas de casamento, e neste caso, são as mulheres 50+ que tomam a iniciativa movidas por uma expectativa de vida mais longa e mais saudável, a maior independência financeira e menor estigmatização do divórcio.
Engana-se quem quer nos tratar como se fôssemos inúteis, obsoletos e incapazes.
E, para quem me pergunta a idade, costumo dizer que sou da época em que as mulheres devoraram os livros da Simone de Beauvoir, transgrediram os costumes com a mini saias e o rock and roll, e apesar da atual aparência tranquila, fomos hippies, revolucionárias e pioneiras, derrubamos preconceitos e continuamos até hoje lutando por um mundo mais digno, justo e sustentável.
“À medida que você envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos: uma para ajudar a si mesma, e outra para ajudar aos outros. ” Audrey Hepburn
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Uma resposta
Sempre muito bem redigido e hj apoia na juventude que se tornou prateada ,da rebeldia dos anos 70 à reverência à sabedoria que somaram as décadas vividas.
Nada disso seria possível se não tivéssemos vivido tantas experiências fantásticas e plenas de recordes de nós mesmas para que nos caminhos ainda possamos iluminar os caminhos dos que nos seguem.
Parabéns amiga querida! Bjo.