Quando comecei a escrever, imaginei que faria textos cheios de dados estatísticos, gráficos, resultados de pesquisas e temas eminentemente acadêmicos… mas, como podem perceber, acabei abrindo meu coração e minha alma e este espaço se transformou quase num diário onde conto casos verídicos.
Então, sugiro que você pegue uma xícara de chá ou café, busque um local tranquilo e mergulhe nessa história.
Há um tempo atrás fui convidada para palestrar sobre Rede de Mulheres e ao retornar ao meu lugar encontro uma moça muito sorridente e animada, contou que chegou atrasada e perdeu parte da apresentação, então resolveu me bombardear com perguntas, ela queria saber como fazer para brilhar, ficar famosa, conhecida no mundo todo, queria liderar milhares de mulheres, ser presidente.
A minha primeira reação foi ficar atônita, afinal, como responder?
Lembrei de quando questionei um amigo sobre como ele tinha se transformado no CEO de um grande banco mundial, ele me respondeu que não sabia, que simplesmente havia se dedicado ao máximo, que ao acordar checava a agenda e fazia tudo certinho… na época, recém-saída da faculdade, achei que ele estava brincando, escondendo o ouro, não queria cme contar o segredo do sucesso, a receita do bolo.
Décadas se passaram e hoje costumo ouvir a mesma pergunta e me pego explicando da mesma forma, afinal, a intenção nunca foi a presidência, apenas queria entregar o meu melhor, com dedicação e foco.
Parei e comecei a falar sobre uma trajetória passo a passo, degrau por degrau, sem atalhos, sem glamour, como uma criança quando aprende a andar, preparada para cair e levantar quantas vezes forem necessárias, sondando o coração para conhecer a sua essência, a sua verdade, o que te faz feliz.
Falei para ela começar transformando a vida de uma mulher, uma por dia, depois duas, cinco… até chegar a muitas vidas. Os cargos e títulos virão como consequência de um trabalho feito com excelência, irão fluir como uma consequência natural.
Sugeri para ela pensar no coletivo, exercendo empatia, compaixão, sororidade e solidariedade.
A verdade é que falei sem parar e no final perguntei se era isso que ela esperava ouvir… óbvio que não era, nesse momento bateu um arrependimento, será que pratiquei sincericídio? Afinal, joguei um balde de água fria nos seus objetivos.
O tempo passou e essa semana fui convidada para dar uma entrevista num estúdio de TV num daqueles dias difíceis que começou com imprevistos, encaixes na agenda, falta de cálculo das distâncias que teria que percorrer de uma reunião para outra.
Enfim, cheguei horas atrasada, com fome, sem almoçar, estressada com o trânsito caótico, descabelada e um pouco irritada.
O bom é que a entrevista seria com uma amiga que me recebeu com afeto, parecia um oásis no meio do deserto, encontrei outras amigas, ganhei almoço, make com direito a massagem, relaxei e quando estava pronta para gravar a moça sorridente surge mais sorridente ainda.
Levei um susto, ela perguntou se eu lembrava o que tinha dito para ela e pediu para tirar uma foto que publicou com o seguinte texto:
“Pensa na mentora feliz: Encontrei com a líder empresarial que mudou o rumo do meu negócio este ano @lilian_schiavo por conta de uma informação estratégica.”
Quase desmaiei, ela contou que se antes começava as publicações com um “meu povo”, agora substituiu por “minhas estrelas”, antes ela lidava com anônimas, agora conversa com uma constelação.
Antes o foco era a fama, hoje o foco é transformar vidas, tocar no coração das mulheres.
A emoção tomou conta da conversa, ela pediu para gravar um podcast com ela, e claro que aceitei, afinal, agora somos duas mulheres mobilizadoras, duas agentes de transformação, duas amigas.
Quer saber sobre o que falei no podcast? Sobre a necessidade de ser humilde, autêntica, curiosa e grata.
Simples assim, seja uma mulher que levanta outras mulheres.
Imagem: Pixabay
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