Equilibrio e maternidade

Quem é mãe sabe que é impossível ir trabalhar tranquila deixando filhos com febre em casa…é preciso muito equilíbrio emocional  e terapia, o coração sangra e o cérebro te lembra das inúmeras contas a pagar.

Muitas vezes nos sentimos culpadas por não estar presente em vários lugares ao mesmo tempo, queríamos ter clones para cumprir com toda agenda.

Um dia, ao chegar em casa, meu filho veio contar todo orgulhoso que havia tirado uma excelente nota na feira de ciências da escola, animado contou que todas as mães estavam presentes, exceto as duas mães de saias… óbvio que eu era uma delas, mas ele explicou para a professora que mesmo sem estar presente ele sabia que eu ficaria muito feliz e orgulhosa.

Este mês ele se formou no curso de pós-graduação! E foi muita emoção e orgulho, passou um filme na cabeça de mãe, desde o dia em que ele nasceu até chegar até aqui.

Meu filho cresceu…  Do menino que diante das dificuldades encontrava soluções para cada obstáculo ao jovem mochileiro e desbravador do mundo, no percurso da vida foi aprendendo a se virar sozinho, mudou a postura e até o jeito de andar, ficou mais seguro e leve ao mesmo tempo, e durante a pós-graduação teve que se acostumar a sair do trabalho direto para a faculdade, voltar para casa depois das 11:00 hs da noite, com aulas aos sábados e olheiras permanentes. Para completar, a nova rotina envolveu os preparativos para seu casamento que aconteceu durante o curso.

O bonito foi ver que tantos desafios e mudanças juntas só reforçaram sua vontade de vencer, aprender cada vez mais e se superar.

Casado, ele é um reflexo do meu marido, divide as tarefas domésticas com a esposa, sem dramas.

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Tenho uma filha que foi criada como eu, ouvindo histórias reais de mulheres que não dependiam de príncipes encantadas para serem salvas, que não precisavam ser beijadas para acordar de um sono profundo, ela cresceu sabendo que o mundo é hostil e cabe a cada uma de nós abrir o próprio espaço.

Ensinei que ela deveria ser a protagonista da própria vida, responsável por suas escolhas e consequências, capaz de decidir o próprio caminho.

E foi assim que a menina corajosa de bochechas rosadas se transformou numa mulher totalmente independente.

Ela é arquiteta como eu, estudamos na mesma universidade, o que me fez voltar para o mesmo lugar após 33 anos de formada para a sua tese de graduação, num misto de emoção, orgulho e muitas lembranças, passado e futuro de mãos dadas.

Dona do próprio escritório, é comum encontrá-la com botas e cabelos empoeirados, fazendo medições em locais cheios de baratas, morcegos e ratos, demolindo paredes e transformando espaços sem graça em cenários de felicidade através de uma arquitetura detalhista, humana e afetiva.

Sem dúvidas, um dos maiores desafios que enfrentamos é encontrar o famoso equilíbrio, afinal, somos sempre vistas como malabaristas, com vários pratos girando ao mesmo tempo, tentando conciliar a maternidade com o marido, o trabalho, a saúde física, mental e espiritual, os amigos e a vida social.

Na real, mulheres com superpoderes não existem, e todas as vezes que me perguntam como consigo equilíbrio na vida, respondo que nunca consegui,  muito pelo contrário, sou absolutamente imperfeita, falível e cheia de defeitos.

Por isso, não finjo que sou o poder em pessoa, impecável, perfeita e com a família de comercial de margarina.

A diferença é que mesmo consciente da imperfeição, continuo me movendo, entregando o meu melhor, mesmo quando tentam me deter, mesmo quando está difícil, mesmo quando dá vontade de jogar a toalha.

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“Seja imparável, inquebrável e imbatível.

Isso é exatamente o que você, eu e todos merecemos viver.

Seja invencível.” 

 Eduardo Shinyashiki

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Imagem: Freepik

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