Estar preso no Brasil é penoso ou agradável?

Recentemente, conversando com um grupo de pessoas em uma festa que fui convidado,  como sempre, me fizeram perguntas sobre fatos curiosos em relação a bandidagem e crimes. Uma mulher, com cerca de 55 anos, fez o seguinte comentário:

“Dr. Lordello, não sei como os marginais se arriscam no crime, imagino que ir para a cadeia deve ser um verdadeiro inferno”.

De imediato, eu disse que não era bem assim, e retruquei:

“a senhora, por acaso, já visitou pelo menos um presídio?”.

A resposta era previsível:

“jamais, não passo nem perto, tenho medo”.

Percebi que muitas daquelas pessoas tinham a mesma opinião, desta forma, repassei a eles um pouco da minha experiência não só como delegado de polícia/sp, como também como diretor de cadeia pública.
A pessoa de bem não se imagina um dia sequer enclausurada em uma cela, mas e o criminoso, como é que ele raciocina?
Um assaltante, por exemplo, ao procurar uma vítima nas ruas, tem ciência, é óbvio, que poderá ser morto ou preso pela polícia. Faz parte do jogo e aqueles com índole criminosa fazem suas apostas nessa loteria chamada vida bandida. Perder a vida seria o pior cenário, mas ser detido, nem tanto; vou explicar.
Um exemplo é o policial corrupto, ao praticar crimes sabe que poderá ser descoberto e preso. Mas, movido pela ganância de lucro fácil, ele arrisca seu cargo público. Se for detido, sabe que irá a um presídio especial, ou seja, um local onde vai encontrar colegas da mesma profissão. O ambiente não será hostil, muito pelo contrário, terá recepção amistosa, por pessoas da mesma vibe.

Com o criminoso comum é a mesma coisa. Como praticamente todos os presídios no brasil estão dominados pelas 72 facções catalogadas pelo fórum brasileiro de segurança pública, o criminoso preso, fatalmente integrante de alguma dessas corporações, se não for de nenhuma, adotará uma delas, serão recebidos por amigos de crime, por colegas.
As celas ficam abertas a maior parte do tempo e assim os reclusos podem tomar banho de sol, jogar futebol no pátio, fazer roda de carteado, ver televisão; alguns têm até celular para falar com a família, conversar com membros da organização criminosa e praticar crimes através do smartphone.

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Ainda tem mais, uma vez de semana é garantida visita íntima, onde o estabelecimento penitenciário passa a ter “cabaninhas”, como um motel adaptado. Outro detalhe importante, são 5 refeições diárias gratuitas, enfermagem local 24h e para casos de urgência médica, ambulância à disposição. No hospital, a tendência é o preso adoentado ser atendido primeiro que os pacientes honestos, que aguardam sua vez enfrentando longas filas.
Portanto, caro leitor, será que bandidos, em nosso país, se preocupam em serem presos pela polícia?

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Imagem: Freepik

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