O Fortaleza no último domingo (25) venceu o Corinthians e se tornou o primeiro time do Nordeste, a ser líder do Campeonato Brasileiro, com 48 pontos durante o segundo turno. Mágico. Afinal, o clube assume esta posição com um jogo a menos em relação aos principais rivais pela taça nacional, casos de Palmeiras e Botafogo. Além do mesmo número de partidas do Flamengo. Até aqui, são 13 vitórias consecutivas em casa contando todas as competições, sendo que, 10 no nacional. No entanto, isso não é por acaso, a gestão do clube se profissionalizou a partir de 2017 e vem colhendo frutos.
Uma equipe de torcida de massa não merecia sofrer os perrengues como os que aconteceram de 2010 a 2016, com o Leão do Pici, com eliminações traumáticas, como para Sampaio Côrrea (fase de grupos) e nas quartas de final para Macaé, Brasil de Pelotas e Juventude, de forma consecutiva. Cicatrizes fortes para quem via seu rival, Ceará, se tornar constante na Série A ou na luta do acesso na Série B. Mas tudo mudou em 2017, enfim, a segunda divisão era uma realidade e não mais um sonho do Tricolor cearense, depois de vencer o Tupi, em casa, por 2 a 0, foi superado pelo placar mínimo em Juiz de Fora, assegurando sua tão sonhada vaga – roteiro de cinema.
Isso porque o clube tinha vivido até abril daquela temporada um verdadeiro trauma estendido. Foi eliminado na semifinal do estadual pelo Ferroviário, sendo que, o clube era o atual bicampeão. Enquanto na Copa do Brasil caiu na 1ª fase para o São Raimundo, do Pará e para completar na primeira fase da Copa do Nordeste. O ano seguinte, 2018, seria o centenário do clube e os planos era disputar a segunda divisão, tanto que, a diretoria presidida naquele momento por Jorge Mota, chegou a emitir uma nota oficial se desculpando com seus torcedores.
Naquele dia a administração citava que estava em reestruturação toda sua área de capacitação esportiva técnica e teórica. Parte disso existia um nome: Marcelo Paz. Atual CEO, da SAF do Fortaleza, assumida em 2023, já trabalhava no clube há quase uma década. Em 2015, entrou como diretor de futebol, posteriormente assumiu a vice-presidência e no ano do tão sonhado acesso já era o presidente do clube.
Paz, dali em diante, trouxe organização interno com resultados esportivos em campo. Depois de Rogério Ceni se aposentar dos gramados e virar técnico, se frustrou na primeira passagem no São Paulo. Porém, alguém notou seu trabalho e o chamou para um projeto de comemoração dos 100 anos. O Leão do Pici o escolheu como mentor do que planejavam ser grandioso no centenário e o casamento não podia ser melhor, né? Primeiro título nacional do clube cearense sob seu comando, com um jogo vistoso e a Arena Castelão pulsando, assim como foi na última semana, levando mais de 100 mil pessoas, contando Brasileirão e Sul-Americana.
Ceni saiu e voltou. Nesse processo, foi o maior momento de instabilidade do projeto, que se reinventou e chegou ao nome de Juan Pablo Vojvoda em maio de 2021, durante um período ainda pandêmico, depois de se destacar no time sustentado por empresários, no Chile, chamado União La Calera, o qual, ele classificou (2020) para Libertadores do ano seguinte. Acabou não treinando Valdívia, ex-Palmeiras, que chegou aos chilenos como estrela para o torneio continental e que acabará caindo no grupo do Flamengo.
O argentino caiu nas graças dos diretores e da torcida. Claro, os fãs são emoção e em algum momento pediram sua saída, mas seu trabalho/desempenho seguia mostrando qualidade e sua permanência foi assegurada. Tamanha confiança, o fez negar ou forçar qualquer transferência para outros de massa, como Flamengo e Corinthians. Fez o certo com quem acreditou nele nos momentos críticos. Desde sua chegada, foram três cearenses consecutivos (2023/2022/2021), duas Copa do Nordeste (2024/2022), sem contar duas vagas em Libertadores, um quarto lugar inédito pro estado, região e clube, em Campeonato Brasileiro, uma inédita semifinal de Copa do Brasil, em 2021, caindo para o campeão Atlético-MG, além de uma final de Sul-Americana, que acabou ficando com o vice, em 2023, para a LDU.
Metas alcançadas
Falando em números, o Fortaleza Esporte Clube e todos que acompanham futebol está vendo uma história sendo atualizada em 105 anos. Vojvoda, por exemplo, se tornou o treinador que mais vezes dirigiu a instituição. O lateral-direito, Tinga, está há oito temporadas no time, chegou a recusar o Cruzeiro e com 310 partidas é o jogador que mais vestiu essa camisa. Coisa linda.
Com a pontuação conquistada no Brasileirão de 2024, será o sétimo ano seguido na primeira divisão, na era dos pontos corridos – recorde absoluto. Havia batido os rivais da região em 2023 com seis. Afinal, Ceará (2018-2022), Sport (2014-2018) e Bahia (2017-2021) conseguiram uma sequência de no máximo cinco anos. Atualmente, Ceará e Sport jogam Série B.
Outras metas podem ser alcançadas pelo Fortaleza na temporada. Se for a Libertadores pela 3ª vez igualará o Bahia (1960, 1964 e 1989) – mas este pode ser igualado e quebrado de imediato, já que o Tricolor de Aço, segue na briga pelo torneio continental e treinado por coincidência pelo Rogério Ceni. Já o rubro-negro pernambucano fez duas participações: 1988 e 2009. Por fim, o Náutico esteve na busca da Glória Eterna em apenas uma oportunidade: 1968.
Se acharam pouco, tem mais! Olha só, se conseguir mais três vitórias nas 15 partidas restantes do Brasileirão, o Fortaleza, supera o Vitória (2013), que venceu 16 jogos – recorde do nordeste. Consequentemente, naquele ano, o Leão da Barra, alcançou, também, nos pontos corridos um inédito 59 pontos, só igualado pelo Sport (2015) – ganhando quatro o Leão do Pici assume estatísticas. Histórico.
Só para finalizar, mesmo fora da Copa do Brasil, eliminado pelo Vasco, na 3ª fase, nos pênaltis, onde foi semifinalista (2021), oitavas em 2022 e quartas em 2023, o time segue como um dos grandes candidatos pela Sul-Americana, o qual, enfrentará o Corinthians, pelas quartas de final. No ano anterior, cearenses o eliminaram para enfrentar os equatorianos no jogo da taça perdida.