Vento que chega suave

Invade as janelas, se esgueira entre as frestas das portas, fios do tempo

Vento que acaricia a pele, que sopra aos ouvidos as boas novas

Vento de balançar os galhos das árvores, sorrateiro e firme, que ocupa os espaços vãos, acalanta o sossego nas redes, faz ninar os marujos em alto mar

Vento que descabela, desacelera, senhor das velas, assertivo e doce, encantador de serpentes

Vento que lambe as encostas, transforma as ondas do mar, revolta as águas dos rios.

Vento de arrepiar a nuca, de  impulsionar os pássaros, de fazer semeadura nos pés de ipês

Vento de balançar as saias, de fazer música nos mensageiros pendurados à beira da estrada

Vento da mudança!

O cheiro da chuva, o perfume da terra molhada, a beleza do viajante.

Todos os caminhos, os novos rumos, tantas possibilidades

Vento que beija os amantes,

Que esparrama as folhas nas calçadas no fim do outono

Vento que me desperta e traz o perfume que habita na profundeza dos teus negros olhos

 

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