Paty Moraes: Casar ou não casar? Eis a questão!

Para Élcio, foram mais de 660 dias de espera até, finalmente, subir ao altar com Mari. Foi no primeiro ano de namoro que ele a pediu em casamento. Ela disse “não”. Um simples “não” que significava muita coisa: “não estou pronta”, “não terminei a faculdade”, “não é a hora ainda”, “não sei se é você” e tantos outros “nãos” cheios de incertezas.

 

Enquanto tocava a vida, Mari também teve dúvidas se o “não” tão decidido afastaria o namorado para sempre.

 

No último sábado, eles se casaram porque, um certo dia, as incertezas dela diminuíram. E, como adiantei na coluna da semana passada, ela mesma fez o pedido. Foi no Terraço Itália, no topo de um dos edifícios mais altos do centro de São Paulo, porque, segundo Mari, Élcio a faz se sentir “nas alturas”. O jantar clichê, que a própria noiva reconhece, foi inesquecível e o garçom improvisou o “Quer casar comigo” escrito com doce de leite na sobremesa.

 

E a Mari me fez pensar que a decisão mais importante das nossas vidas, aquela tomada lá atrás, é refeita quase todas os dias, desde o dia em que a tomamos até o infinito.

 

 

Já contei aqui que engravidei no último ano da faculdade, trabalhava o dia todo e estudava à noite. Isso foi há 13 anos e, até hoje, nenhuma outra decisão foi tão difícil: ter ou não ter o filho? Me casar ou não com o namorado de um mês e meio? Me mudar para a capital sem emprego nem dinheiro ou continuar morando com a minha mãe no interior? Formar uma família aos 21 anos ou fazer intercâmbio? Curtir a juventude a doidado ou fazer almoço e janta, dar banho no bebê e fazer sexo com o mesmo homem (não disse só com o mesmo homem, rs) “até que a morte nos separe”?

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Essas incertezas também passaram pela cabeça do meu marido, com certeza! E o que fizemos? A contragosto de alguns parentes mais conservadores e com o apoio de outros, decidimos, apenas, tentar. Me mudei para a casa dele, transferi faculdade e ele passou a trabalhar mais. Tentamos muito antes de decidir nos casar de fato.

 

Para nós, centenas de dias se passaram e essas incertezas diminuíram mais de três anos depois. E nossa filha foi a dama de honra de uma cerimônia simples, cheia de amigos, durante um almoço no campo, lá no meinho do interior do Estado de São Paulo.

 

Olhando assim, lá para trás, é fácil esquecer quantas dúvidas senti sobre esse relacionamento e esta vida que vivo hoje. Duvidei do amor dele e até do meu próprio sentimento. Perdi muitos empregos, ele também e a situação ficou bem feia algumas vezes. Pudemos pagar escolar particular, mas também contamos um tempo com a estrutura do ensino público. O intercâmbio que muitos amigos fizeram faz falta até hoje.

 

No momento, só tenho certeza de uma coisa, mas tudo pode mudar enquanto você lê: algumas incertezas diminuem, outras surgem e a gente vai tomando novas decisões todos os dias para reforçar ou refazer as decisões do passado.

 

Também enquanto você lê, Mari está com Élcio em San Andrés, na Colômbia, certa apenas de uma coisa: precisa aproveitar ao máximo a lua de mel porque, na segunda, já volta a trabalhar.

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