Crítica: The Void (2017)

Executado com baixo orçamento mas com muita imaginação e energia sanguinolenta, este The Void (EUA, 2017), transpira a vibe do cinema fantástico que proliferava nos idos dos anos oitenta. A Noite dos Arrepios (Fred Dekker, 1986), A Volta dos Mortos-Vivos (Dan O’ Bannon, 1985), Força Sinistra (Tobe Hooper, 1985), o cinema de John Carpenter e a literatura de H.P. Lovecraft e Stephen King, dão o tom desta pequena nova gema do gênero, que voltou a ficar em alta depois que a série Stranger Things trouxe de volta a força da cultura pop da referida década, e a apresentou a uma nova geração.

Neste The Void, a jovem dupla de roteiristas e diretores Jeremy Gillespie e Steven Kostanski (do cult Father’s Day, 2011), retrata uma noite literalmente dos diabos, que começa a se desenrolar depois que Daniel Carter (Aaron Poole, do western Forsaken, 2015), um policial de uma pequena cidade americana, coloca em sua viatura um jovem ferido que aparece no meio da estrada escura. Daniel decide levar o rapaz para o hospital mais próximo, entretanto isolado, que encontra-se às vésperas de ser desativado. Não demora para que coisas muito estranhas comecem a acontecer no local, colocando em perigo as vidas do policial, e do pequeno grupo de pessoas que lá se encontram.

Apesar do baixo orçamento da produção ser totalmente perceptível durante o andamento da obra, The Void é dotado de grandes qualidades técnicas, graças aos talentos de Gillespie e Kostanski, especialistas em trabalhos de maquiagem, prostética e efeitos mecatrônicos. Gillespie tem créditos como diretor de arte assistente em produções como Esquadrão Suicida e o aguardado remake de It: A Coisa, que chega ainda este ano. Já Kostanski, tem créditos como artista e técnico de maquiagem, em produções como Clown (Jon Watts, 2014) e A Colina Escarlate (Guillermo Del Toro, 2015). Tal vocação para o gore, faz bastante diferença no resultado da produção, cujos efeitos e concepção de criaturas lembra bastante algumas passagens do clássico O Enigma de Outro Mundo (The Thing), dirigido pelo mestre John Carpenter em 1982.

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A produção entretanto, busca nítida inspiração no universo macabro de H.P. Lovecraft e suas tenebrosas criaturas tentaculares oriundas de diabólicas dimensões paralelas. Esta energia mórbida da produção dá ao filme um tom pesado, mas que não deixa de ser bastante divertido, especialmente quando o sangue começa a escorrer pra valer dentro da narrativa. Mesmo de curta duração, o filme se arrasta um pouco em seus 30 minutos centrais, mas o entusiasmo do elenco desconhecido, porém esforçado, e a inventividade de sua promissora dupla de realizadores, faz de The Void um prato cheio para o fã do horror oitentista.

Deixando inclusive uma porta aberta para uma continuação, The Void é um gostoso e sangrento mergulho saudosista à um cinema que como podemos perceber pelo entretenimento que vem surgindo nos dias de hoje, continua a deixar bastante saudade. Os anos setenta vieram para mudar a face do cinema. A década de noventa, estabeleceu o cinemão do entretenimento, mais uma vez transformando o cinema como o conhecemos hoje. A década de oitenta, nada teve de revolucionária. Contudo, sem dúvida nenhuma apresentou o cinema mais divertido de que tenho lembrança. The Void traz um pouquinho deste sabor de volta, mesmo que mergulhado em bastante sangue e vísceras.

The Void não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar diretamente ao serviço de streaming e VOD.

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Respostas de 3

  1. Acabei de assistir. Achei muito bom a estética dos anos 80 e a frenética psicológica mas faltou consistência na história. O enredo fica perdido entre o psicólogo e o real. Um vai e vem que chegar a enjoar um pouco.
    Mas é uma boa diversão.

    1. Verdade, xará.
      É um filme um tanto confuso, com alguns desvios narrativos. Mas a estética dele e o visual compensam o resultado.
      Obrigado pela visita e pelos comments. Volte sempre!
      Abraço!

  2. A estética, a fotografia é demais. Adoro essas cores primarias em filmes de terror, é muito 70/80, mas só pecou na narrativa, o final não tem um desfecho claro, acho que se perdeu em vários momentos, mas é um bom filme.

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