Fe Bedran: Design Gráfico nos programas de TV

Na semana passada, falamos sobre como é feita a seleção e aprovação de nomes de marcas, negócios, comércio, escolas, etc. nos programas de televisão.  Hoje a coluna abordará a etapa seguinte: a criação da identidade visual dessas marcas, ou seja, o Design Gráfico.

 

Confesso que sou suspeita para falar sobre este assunto que até hoje me encanta. Não existe Produção de Arte sem Design Gráfico e vice-versa. O Design está presente no dia-a-dia das gravações: no jornal impresso lido no café da manhã, no talão de cheques a ser assinado, no uniforme da escola, no documento da empresa, na ficha policial, entre muitos outros.

 

 

E o trabalho do Designer não se limita somente a um item ou objeto específico, mas sim a toda uma ambientação. Vejam abaixo as composições feitas para “dressar” (ornamentar) uma área de check-in de aeroporto e interior de avião, usados na novela “Salve Jorge”, 2013. Reparem nos detalhes que vão desde o crachá do comissário de bordo, ao ticket de embarque, aos avisos de segurança no balcão, etiquetas de bagagem e toda a decoração do interior da aeronave.

 

Salve Jorge, 2013

 

Salve Jorge, 2013

 

Outros exemplos frequentes são restaurantes de novelas. Há todo um desdobramento da logomarca em cardápios, guardanapos, quadros de menus, jogos americanos, e protetores de toalhas. As aplicações são infinitas.

 

“Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015

 

“Salve Jorge”, 2013  e  “I Love Paraisópolis”, 2015

 

Chega a ser paradoxal: o bom trabalho de design não “rouba a cena” e passa despercebido pelo telespectador, mas sem ele, a ambientação da mesma não teria nenhuma veracidade. Vejam as composições feitas para a cidade cenográfica de “Os Dias eram Assim”, 2017. O uso das cores, tipografia e layouts da época se encaixam perfeitamente no contexto da trama e complementam a Cenografia e a Produção de Arte impecavelmente. O telespectador acredita que está naquele universo.

Veja Também  Cadê meu advogado:Cuidados ao fazer um contrato com sócio

 

 

Soma-se uma dificuldade extra, em novelas que se passam em outros países. Em “Caminho das Índias”, por exemplo, a Produção de Arte teve que contar com a assessoria de indianos consultores para fazer a tradução dos textos do português para Hindi e também adquirir um teclado de computador específico, já que os caracteres são completamente diferentes da nossa língua. O Designer da equipe tinha um trabalho duplo. Pense na dificuldade de se diagramar algo que não se consegue ler? O resultado foi surpreendente e foi o atrativo e ponto forte da ornamentação da Cidade Cenográfica do Rajastão nos Estúdios Globo.

 

Anúncios de telefone móvel preso em bicicleta e cabine de telefone público; “Caminho das Índias”, 2009.

 

Comércio de rua da cidade cenográfica, “Caminho das Índias”, 2009.

 

Barraca de suco de manga, “Caminho das Índias”, 2009

 

Barraca de sorvete e shakes, “Caminho das Índias”, 2009

 

Mais exemplos da interferência do Design e sua influência nas Cidades Cenográficas da Turquia de “Salve Jorge”, 2013

 

 

 

A programação visual criada pelo designer, está intimamente relacionada às características do negócio e à personalidade dos personagens aos quais se relacionam. Vejam como exemplo as diferenças de programação visual das duas instituições de ensino de “Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015. A identidade oposta das dos dois colégios se refletem nas diferenças de formato, complexidade, cores e tipografia das duas logomarcas.

 

“Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015. O Colégio Estadual Leal Brazil era um dos melhores da cidade e suas provas de admissão eram muito concorridas.

 

“Malhação, Seu Lugar no Mundo”, 2015. Um colégio bem mais precário que o seu rival (Leal Brazil), com paredes desbotadas e pichadas;

 

Veja Também  Clique e veja um encontro celestial

Na semana que vem continuaremos a dissertar sobre o extenso assunto do Design Gráfico, seus desdobramentos e aplicações, e sua relação íntima com a estória. Até lá!

 

Agradecimentos a Andrea Chuairi, Andréia Monteiro, Cristiano Borges, Luiza Serpa Fraga e Marcos Coutos, cujos trabalhos foram citados nesta coluna.

Loading

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens